Segundo a denominada "Nova História do
Capitalismo" tal como
proposta por historiadores como Eric Williams(na figura), Edward Baptist e Sven Beckert, a
industrialização dos EUA estaria ligada ao acesso a algodão barato, fruto da
exploração violenta dos escravizados, de modo que o escravismo não foi um
elemento incompatível com o capitalismo, pelo contrário, foi um de seus
fundamentos. Eric Williams argumenta que o capitalismo mercantil do século
XVIII dependeu dos lucros do tráfico de escravos de forma que desenvolveu a riqueza da Europa por
meio da escravidão assim como do monopólio dos produtos coloniais e com isso
ajudou a criar o capitalismo industrial do século XIX. [1] Grandes industriais ingleses como Gascoyne de Liverpool, John Gladstone e John
Moss tinham relações próximas ao tráfico de escravos, assim como os empresários
de Bristol ligados à Índias Ocidentais eram grandes investidores na Great Western
Railway: “a história
do crescimento do tráfico de escravos é basicamente a história do desenvolvimento
de Liverpool [...] Em 1795 Liverpool respondia por cinco oitavos do comércio escravo
britânico e por três sétimos de todo o comércio escravo europeu”.[2] Numa tentativa de justificar moralmente este sistema mercantil difundiu-se preconceito
de que os brancos eram inadequados as rudezas do trabalho nos trópicos e o
racismo contra negros: “a ascensão e queda do mercantilismo é a ascensão e queda da escravidão”.[3] Eric Hobsbawn mostra paradoxalmente a revolta de escravos em Santos Domingos /
Haiti acabou beneficiando o crescimento dos Estados Unidos como nação
industrial pois o fracasso da França napoleônica em retomar o controle do Haiti
(1791-1804) levou a liquidação do império francês remanescente nas América o
que beneficiou os Estados Unidos que pode adquirir a Louisiana em 1804 com uma
área que corresponde atualmente a 23% seu território[4].
[1] WILLIAMS, Eric. Capitalismo
& escravidão, São Paulo: Cia das Letras, 2012, p.284
[2] WILLIAMS, Eric. Capitalismo & escravidão, São Paulo: Cia das Letras, 2012, p.157,
68
[3] WILLIAMS, Eric. Capitalismo & escravidão, São Paulo: Cia das Letras, 2012, p.286,
194
[4] HOBSBWAN, eric. A era das revoluções (1789-1804) , Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1996, p.88
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