Para Tales o ímã tinha alma porque podia mover o ferro. [1] Tales descreveu a propriedade de certos minérios de ferro tem de atrair pequenos pedaços de ferro, característica também mencionada por Platão e Lucrécio. Em 1269 Pedro Maricourt (Petrus Peregrinus) em Epístola sobre a bússula, mencionava uma bússula com agulha giratória.[2] George Sarton define a divulgação por Pedro de Maricourt um francês retornando das Cruzadas em 1269 em sua epístola de Magnete, como um dos marcos principais da história da ciência.[3] Jacques le Goff aponta que a difusão da bússola se observa somente após 1280[4]. Luís de Albuquerque aponta a carta Pisana de 1275 testemunha larga experiência de navegações feita com rumo magnético[5]. No século XII uma tradição atribui a Flavio Gioia da cidade de Amalfi na Itália como o primeiro a introduzir a bússola marítima na Europa.[6] Chiara Frugoni destaca que a informação de que Flávio Gioia teria inventado a bússola foi resultado de uma tradução equivocada, que teria posicionado uma vírgula fora de lugar, criando um personagem inexistente: “Em Amalfi, na Campânia, foi inventado o uso do magneto por Flávio, diz-se” quando na verdade o texto correto seria “Em Amalfi, na Campânia, foi inventado o uso do magneto, Flávio o diz” [7]. Na Inglaterra o monge Alexander Neckam em The Natures of things e De utensilibus mostra em 1180 as primeiras referências à bússola marítima.[8] Thomas de Catimpré em De natura rerum relata o uso da bússola pelos navegantes, assim como ímã são usados com propriedades mágicas bem como para detectar esposas infiéis. Roger Bacon por sua vez revela que muitos navegantes prefiriam não revelar o uso da bússola mantendo a técnica em segredo para não terem o risco de serem acusados de magia[9]. Há evidências de que os olmecas (1500-600 a.c) que viviam no sul do México conheciam material magnético usado em cerimoniais religiosos e que poderia ser usado como bússola, o que poderia justificar o exato alinhamento dos templos maias que viveram na mesma região de 1 a 900 dc.[10]
[1] RUSSELL, Bertrand.
História do pensamento ocidental, Rio de Janeiro:Nova Fronteira,2016, p.23
[2] ECO, Umberto. Idade
média: bárbaros, cristãos e muçulmanos, v.I, Portugal:Dom Quixote, 2010, p.9-10;
KLEMM, Friedrich, A history of western technology, London:Ruskin House, 1959,
p. 91
[3] SEDGWICK, W.; TYLER, H;
BIGELOW, R. História da ciência: desde a remota antiguidade até o alvorescer do
século XX, Rio de Janeiro:Ed. Globo, 1952, p.190; HODGETT, Gerald. História
social e econômica da Idade Média, Rio de Janeiro:Zahar, 1975, p.133; NUNES,
Ruy Afonso da Costa. História da educação na idade média, Campinas:Kirion,
2018, p.286
[4] LE GOFF, Jacques. A
civilização do Ocidente Medieval. Rio de Janeiro:Vozes, 2016, p. 204
[5] ALBUQUERQUE,
Luis. Introdução a história das descobertas portuguesas, Lisboa:Europa América,
1989, p. 55
[6] ALBUQUERQUE,
Luís de. Ciência e experiência nos descobrimentos portugueses, Lisboa:
Biblioteca Breve, 1983, p. 88; DERRY,
T.; WILLIAMS, Trevor. Historia de la tecnologia: desde la antiguidade hasta
1750, Mexico:Siglo Vintuno, 1981, p.290 https://en.wikipedia.org/wiki/Amalfi
[7] FRUGONI, Chiara.
Invenções da Idade Média, Rio de Janeiro:Zahar, 2007, p. 133
[8] THORNDIKE, Lynn. A History of magic and experimental science, v.II,
Columbia University Press, 1923, p.190; STEVERS, Martin. A inteligência através
dos séculos. São Paulo:Globo, 1946, p.398; BOORSTIN, Daniel. Os descobridores,
Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 1989, p.208
[9] THORNDIKE, Lynn. A History of magic and experimental science, v.II, Columbia University
Press, 1923, p.388
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