Para John Roberts as
causas para invenções na China não terem desencadeado uma revolução no
desenvolvimento econômico pode se encontra na doutrina social do confucionismo
que não buscava a integração entre nobres e técnicos, tornando a China refém de
uma longa tradição cultural.[1] Para Daniel Boorstin: “A indiferença aos
mistérios da criação que caracteriza o confucionismo levou a uma mentalidade
suspeita quanto á mudança, uma relutância em imaginar o novo”.[2] Para George Basalla “o lento desenvolvimento da ciência na China pode ser
explicado, em grande medida pela incapacidade da ciência em ocupar o lugar do
Confucionismo como filosofia predominante. O pensamento confucionista ressaltou
a importância dos princípios morais e relações humanas e desencorajou o estudo
sistemático do mundo natural. A rejeição do confucionismo ao conhecimento
científico foi registrado em um poema escrito no início do século XIX por um
dignatário chinês: “com um microscópio você vê a superfície das coisas. Ele
amplia as coisas mas não te mostra a realidade. Ele faz as coisas maiores e
mais largas, Mas não pense você que estas vendo de fato as coisas em si mesmas”.[3] Sprague de Camp observa que a característica de semi isolamento da China
impediu a difusão de técnicas como, por exemplo, o carrinho de mão inventado no
século III por Jugo Lyang mas que chegou à Europa mais de mil anos depois.[4] Joseph Needham formula um pergunta que se tornou famosa, a chamada “pergunta
Needham”: por que a Revolução científica aconteceu na Europa e não na China
? [5] Joseph
Needham observa que a estagnação tecnológica chinesa que se observa após a
dinastia Ming no século XIV ocorreu devido ao excessivo poder da burocracia
central.[6] Roland Mousnier observa que “A Ásia
permanecera no segundo estágio do pensamento, anterior ao racionalismo
qualitativo dos gregos, em que o pensamento é, antes de tudo, a intuição dos
conjuntos qualitativos. O sapateiro hindu não toma medidas, coloca o pé do
cliente na sua mão, adquire a imagem mental de um certo volume e faz um sapato,
que, aliás, serve muito bem [...] O europeu está em movimento perpétuo. Seu
ideal é a luta, a ação, a expansão, o progresso ou a transformação, a
insaciável curiosidade da novidade, a impaciência e a insubordinação diante dos
obstáculos, quer estes provenham das coisas ou da vontade dos homens, O
asiático é sonho perpétuo, desprezo pelo esforço, culto das leis estabelecidas
e das ideias transmitidas, desconfiança frente às novidades, respeito de todas
as forças exteriores humanas e naturais, resignação [...] aos asiáticos era
inconcebível a viagem por simples curiosidade: “Apenas os europeus, no mundo,
viajam por curiosidade (Chardin) [..] Isso explica que o gosto por narcóticos
fosse universal na Pérsia e na Índia”.[7]
[1]ROBERTS, J.M. history of the world, Oxford University Press, 1992,
p.368
[2]BOORSTIN, Daniel. Os
criadores, Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 1995, p.27
[3]BASALLA, George. The Spread of Western Science. Science, v. 156, n.
3775, p. 611-622, 1967.
[4]CAMP, L. Sprague de. The ancient engineers, New York: Ballantine Books,
1963, p. 314
[5]BURKE, Peter. O polímata, São Paulo:Unesp, 2020, p. 254
[6]CAMP, L. Sprague de. The ancient engineers, New York: Ballantine Books, 1963, p. 339
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