Com os mosteiros e a adoção da regra de São Bento que
governou muitos mosteiros a partir do século VI intensificou-se o interesse
pela marcação dos horários para organização das orações ao longo do dia, um
interesse igualmente compartilhado pelos árabes muçulmanos.[1] Daniel
Boorstin observa que a palavra clock
tem origem no holandês que significava sino e é cognata do alemão glocke que também significa sino, o que
denota a origem monástica do termo [2]. Meticulosos
almanaques (al-manakh) listavam as horas das preces entre os muçulmanos para
cada dia do ano em diferentes localidades tão distantes como China e Marrocos [3]. Na
abadia cisterciense de Villers na Bélgica um documento explica como estimar o
tempo acompanhando o sol e as estrelas à medida em que aparecem em várias janelas [4]. No século VI Cassiodoro (490-585) escreve a
Boécio pedindo-lhe que conserte relógios solares e de água (clepsidras) para o
rei dos burgúndios [5] e
exalta a habilidade do mecânico capaz de imitar a natureza através de sua
técnica.[6] Cassiodoro descreve entusiasticamente sobre as invenções em seu monastério como
relógios de sol e relógios hidráulicos, moinhos hidráulicos e sistemas de
irrigação. Ele descreve a mecânica como “quase um camarada da natureza,
abrindo seus segredos, mudando suas manifestações, brincando com milagres”.[7]
[1]LYONS, Jonathan. A casa
da sabedoria, Rio de Janeiro: Zahar, 2011, p.51
[2]BOORSTIN, Daniel. Os
descobridores, Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 1989, p.48
[3]LYONS, Jonathan. A casa
da sabedoria, Rio de Janeiro: Zahar, 2011, p.114
[4]LYONS, Jonathan. A casa
da sabedoria, Rio de Janeiro: Zahar, 2011, p.52
[5]BOORSTIN, Daniel. Os
criadores, Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 1995, p.295
[6]PASQUALE, Giovanni Di.
A reflexão sobre as artes mecânicas. In: ECO, Umberto. Idade média: bárbaros,
cristãos e muçulmanos, v.I, Portugal:Dom Quixote, 2010, p.460
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