sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

O arquiteto Imhotep

 

Com o império de Djoser inicia-se a era das monumentais construções de pedra e em que as tumbas reais assumem a forma piramidal.[1] A construção foi obra do arquiteto, carpinteiro real (medjeh nesu) [2] e médico Imhotep [3], o mais célebre dos magos [4], identificado como Esculápio pelos gregos séculos mais tarde, e no período tardio como patrono dos médicos pelos egípcios ou deus associado à medicina [5], em especial na XIX dinastia (1295 a.c.), ou seja, aproximadamente mais de mil anos após a morte de Imhotep, quando o príncipe Caemuassete, filho do faraó Ramssés II, se dedicou a um antiquarianismo (interesse por antiquários) a estudar os textos associados às construções religiosas abandonadas próximas a capital Mênfis [6]. O nome e Imhotep está no pedestal de uma estátua encontrada em 1924 no lado de fora do túmulo de Djoser/Zoser (2691 e 2625 a.c.) da III Dinastia:[7] “Chanceler / Grão Vizir do reino do Baixo Egito, o primeiro depois do Rei do Alto Egito, administrador do Grande Palácio, nobre hereditário, grão sacerdote de Heliopolis, Imhotep, chefe dos arquitetos, construtor e escultor” [8], ou “chefe dos sacerdotes astrônomos”.[9] Manethon refere-se a Imhotep quando descreve um engenheiro do rei Djoser, inventor da arte em pedra talhada[10], e com habilidade em medicina e como tal tinha a reputação de Asclépio [11] citado por Homero na Ilíada.[12] Jean Vercoutter, contudo, ignora que Imhotep tenha efetivamente usado o nome de vizir, na realidade ele exerceu as suas funções [13]. A tumba de Imhotep não foi encontrada [14], tampouco existe qualquer texto remanescente atribuído a ele [15]. John West refere-se a Imhotep como um Leonardo precoce [16]. Byron Shafer se refere a Imhotep como o arquiteto do complexo funerário do rei Djoser em Saqqara. Khunumabra, ministro de obras públicas do rei persa Dario I por volta de 490 a.c. escreve que Imhotep deu origem a longa linhagem de arquitetos do qual Khunumabra seria um dos descendentes, ainda que improvável diante da distância de mais de dois mil anos que separam os dois [17].

[1]TIRADRITTI, Francesco. Tesouros do Egito do Museu egípcio do Cairo, White Star Pub, 1998, p.31

[2]STROUHAL, Eugen. A vida no antigo Egito. Barcelona:Folio, 2007, p. 170

[3]STEVERS, Martin. A inteligência através dos séculos. São Paulo:Globo, 1946, p.220

[4]JACQ, Christian. O mundo mágico do antigo Egito, Rio de Janeiro:Bertrand do Brasil, 2001, p.23

[5]SHAFER, Byron. As religiões no Antigo Egito, São Paulo: Nova Alexandria, 2002, p. 70, 74

[6]SHAFER, Byron. As religiões no Antigo Egito, São Paulo: Nova Alexandria, 2002, p. 195

[7]TOTH, Max; NIELSEN, Greg. A força das pirâmides, São Paulo:Record, 1976, p.48; WEST, John Anthony. The traveler’s key to ancient Egypt, New York:Quest, 2012, p. 158

[8]EYDOUX, Henri Paul. Á procura dos mundos perdidos, São Paulo:Melhoramentos, 1967, p. 39; ANGELL, Christopher. Dentro das pirâmides do Egito. Seleções do Reader’s Digest, Os últimos mistérios do mundo, Lisboa, 1979, p.158

[9]EDWARDS, J. As pirâmides do Egito, Rio de Janeiro:Record, 1985, p.252

[10]EDWARDS, J. As pirâmides do Egito, Rio de Janeiro:Record, 1985, p.49

[11]CAMP, L. Sprague de. The ancient engineers, New York: Ballantine Books, 1963, p. 20

[12]CAMP, L. Sprague de. The ancient engineers, New York: Ballantine Books, 1963, p. 23

[13]VERCOUTTER, Jean. O Egito antigo, São Paulo:DIFEL, 1974, p. 57

[14]WEST, John Anthony. The traveler’s key to ancient Egypt, New York:Quest, 2012, p. 10

[15]SHAFER, Byron. As religiões no Antigo Egito, São Paulo: Nova Alexandria, 2002, p. 195

[16]WEST, John Anthony. The traveler’s key to ancient Egypt, New York:Quest, 2012, p. 158

[17]CAMP, L. Sprague de. The ancient engineers, New York: Ballantine Books, 1963, p. 21



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