quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

Medicina de Hipócrates

 

No livro X da Odisseia a deusa Circe é apresentada como polypharmacos hábil em muitos remédios, símbolo de muitas práticas de magia em Atenas por volta do século V a.c.[1] As obras reunidas em torno do chamado Corpus Hippocraticum foram escritas por diferentes autores da Escola de Alexandria ainda que todas tenham sido atribuídas a Hipócrates [2] escritos de 430 a 330 a.c [3]. Os únicos conhecimentos de Hipócrates estão nos Diálogos de Platão [4]. Alguns destes escritos foram escritos na metade do século V a.c. como o tratado sobre as doenças em mulheres [5]. Na medicina Hipócrates entendia que o conhecimento possuía bases distintas da filosofia e não podia ser baseado em pressupostos, mas na observação dos fenômenos. A medicina hipocrática é baseada na experiência e observação em contraste com a então escola de Empédocles e outros.[6] Um dos conceitos desenvolvidos pela medicina hipocrática era o de probabilidade, dado um conjunto de sintomas era provável que o paciente sofria de determinada doença, ou seja, ao contrário das verdades absolutas dos deuses Hipócrates raciocina em termos de decisões onde o erro é uma parte inerente da decisão.[7] Sobre a epilepsia conhecida como “moléstia sagrada” resultado do domínio do corpo por espíritos malignos dirá Hipócrates: “No que se refere à doença sagrada, os fatos são so seguintes. Esta segundo minha opinião, não é por nada mais sagrada ou divina que qualquer outra moléstia, mas tem a mesma natureza de que derivam as outras. Foram os homens que acreditaram que ela pudesse ter natureza divina, em parte por inexperiência, em parte por não se assemelhar em nada com qualquer outra”.[8]   

[1]COLLINS, Derek. Magia no mundo grego antigo, São Paulo: Madras, 2009, p. 54

[2]JAEGER, Werner. Paideia, São Paulo:Ed. Herder, 1936, p.946; TATON, René. A ciência antiga e medieval, tomo I, livro 2, Sâo Paulo:Difusão Europeia, 1959, p. 80

[3]LLOYD, G. Ciência e matemática In: FINLEY, Moses. O legado da Grécia. Brasília: UNB, 1998, p. 325

[4]MANGOLD, Lydia Mez. Imagens da história dos medicamentos, Basileia:Hoffman La Roche, 1971, p.30

[5]HALL, Edith. The ancient greeks, London:Vintage, 2015, p.106

[6]SOUZA, José Cavalcante. Os pré socráticos: fragmentos, doxografia e comentários. Coleção os pensadores, São Paulo: Abril Cultural, 1985, p. 307

[7]HALL, Edith. The ancient greeks, London:Vintage, 2015, p.107

[8]ABRIL Cultural, Medicina e Saúde. História da Medicina, v.I, São Paulo, 1970, p. 22; SCLIAR, Moacyr, Saúde pública, histórias, políticas e revolta, Coleção Mosaico, São Paulo: Scipione, 2002, p.26



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Doação de Constantino

  Marc Bloch observa a ocorrência de falsificações piedosas tais como a pseudo doação de Constantino ( Constitutum Donatio Constantini ) ao ...