Norman Ross observa que o estado teocrático egípcio
era fundamentado no conceito de maat
uma vez que não havia uma codificação escrita de leis no Egito antigo: a lei
era o desejo do faraó: “O que a deus ama,
é que se faça justiça. O que a deus detesta, é o favor concedido a um só lado.
Eis a doutrina”.[1] Maurice
Crouzet observa que o historiador grego Deodoro da Sicília menciona a
existência de cinco reis, antes da conquista persa, como sendo legisladores do
Egito, o que supõe a existência de códigos escritos, no entanto até o momento
não foi encontrado nenhum destes documentos
que se compare aos códigos legais encontrados na Mesopotâmia.[2] Segundo
Christian Jacq: “sem a intervenção mágica
do Estado, as importantes cheias do Nilo não ocorreriam, as culturas não seriam
irrigadas, os caçadores não poderiam matar a caça, os pescadores não pescariam
peixes, os artesãos não acabariam suas obras, os templos não poderiam cumprir a
sua missão”.[3] A maat representava uma lei moral
natural que combinava os conceitos de ordem divina, justiça e harmonia. Uma
ordem natural da natureza era percebida como uma ordem racional que governava
não somente as cheias do Nilo mas as questões práticas do quotidiano das
pessoas.[4] Segundo
Paul Johnson: “Maat também era a forma de
justiça concedida a um homem quando morria e aparecia ao julgamento final: sua alma,
então, era pesada em uma balança com o contrapeso de maat” [5]. Segundo
Jean Voyotte [6]:
“À ordem divina corresponde não apenas a
estrutura e os ritmos do mundo físico, mas uma ordem moral – Maât –, a norma da
verdade e da justiça que se afirma quando Rá triunfa sobre seu inimigo e que,
para a felicidade do gênero humano, deve prevalecer no funcionamento das
instituições e no comportamento individual. “Rá vive por Maât”. Tot, o deus dos
sábios, contador de Rá, juiz dos deuses, é “feliz por Maât”. Jean Voyotte
observa o papel teocrático do Estado egípcio “a visão egípcia do mundo procede de uma alta magia de Estado, coerente,
raciocinada, admiravelmente perceptível e serena”. Maurice Crouzet conclui
que a impressão dominante é que “a
ausência de iniciativa individual e verdadeira liberdade econômica e social é
inerente à lógica da antiga civilização do Egito [...] Nada é mais estranho ao
antigo Egito do que o ideal do homem livre, do indivíduo esforçando-se e
recebendo a colaboração da coletividade para ser, não mais um número na massa,
mas ele mesmo ”.[7]
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