A Casa dos Vinte e Quatro foi criada em 16 de dezembro
de 1383, por D. João, Mestre de Avis (futuro D. João I) com o objetivo de
permitir que os mesteirais participassem no governo da cidade elegendo um
presidente chamado Juiz do Povo.[1] A
primeira regulamentação dos ofícios em Portugal data de 1489, numa época em que
as guildas europeias já estavam em declínio, o que se explica segundo Marcelo
Caetano diante do incipiente desenvolvimento da indústria em Portugal.[2] A
estruturação jurídica de tais corporações de ofícios de Lisboa ocorre com o “Regimento de todos os ofícios mecânicos da
mui nobre e sempre leal cidade de Lisboa” de 1572 com uma divisão em 24
núcleos de acordo com o ofício que desempenhavam em sua cidade e que deu origem
a “Casa dos vinte e quatro” criada
por D. João I. Tais corporações não deixaram registros escritos de suas técnicas
que eram mantidos em segredo.[3] Charles
Boxer destaca que “os principais oficiais
e artesãos elegiam anualmente dentre os membros de sua corporação doze
representantes (conhecidos como os Doze do Povo), no caso da maioria das
cidades, e 24, no caso de Lisboa e de algumas outras, onde formavam a casa dos
vinte e quatro”. As regras da Santa Casa de Misericórdia em Lisboa que
reuniam 600 membros dos quais a metade eram de mecânicos artesão de guildas
representados pela Casa dos Vinte e Quatro. Pela regra de 1618 eram aceites “homens
de boa consciência e reputação, tementes a Deus, modestos, cariosos e humildes”
além de ter “pureza de sangue” sem qualquer herança mourisca ou judaica.
Segundo Charles Boxer “Deram-se certamente abusos e desvios, especialmente
durante o século XVIII mas, no geral, as Misericórdias mantiveram padrões
surpreendentemente elevados de
honestidade e eficiência”.[4] Os artesãos da coroa portuguesa e suas
possessões eram submetidos a rigoroso exame prescrito pelo Regimento dos Ofícios Mecânicos compilado por Duarte Nunes Leão de
1572. A Casa dos 24 de Lisboa que ficava em edifício próprio junto ao Hospital
de Todos os Santos reuniam-se em confrarias religiosas tendo como patrono um
Santo católico sendo conhecidos como Bandeira dos Ofícios. A carta Régia de
1771 previa apenas alguns dos ofícios como embandeirados: 1) São Jorge
(barbeiros, fundidores de cobre, ferreiros), 2) S. Miguel (ferreiros), 3) S.
Crispim (sapateiros, curtidores), 4) N. Senhora da Conceição (seleiros), 5) N.
Senhora das Mercês (pasteleiros, torneiros), 6) Santas Justa e Rufina (oleiros),
7) S. José (pedreiros, carpinteiros), 8) S. Gonçalo (tosadores vidraceiros,
tintureiros), 9) N. Senhora da Oliveira (confeiteiros), 10) N. Senhora das
Candeias (alfaiates), 11) N. Senhora da Encarnação (entalhadores).[5] As
corporações e a Casa dos 24 em Portugal foram extintas em 31 de maio de 1834. Charles
Boxer mostra que este modelo de representação dos artesãos variava conforme a
colônia portuguesa. Em Goa o modelo foi muito próximo ao de Lisboa em que os
procuradores dos mestres tinham direito ao voto no Conselho da cidade. Macau
seguiu o modelo de Évora e nunca teve qualquer representação da classe trabalhadora.
A Bahia tinha um juiz do povo e procuradores dos mestres desde 1641 a 1713.[6] A figura mostra um video sobre a casa dos Vinte e Quatro em Lisboa.[7]
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