quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

A bússola e a geomancia chinesa

 

Na China o magnetismo era objeto de geomancia a arte de adaptar as residências com o “sopro cósmico”. Usada inicialmente para práticas de magia e adivinhações [1] o dispositivo incluía uma colher de magnetita que girava sobre uma placa polida de bronze indicando o sul tal como mostrado em um baixo relevo datado de 114 no Museu de Zurique. As bússolas eram usadas pela geomancia para determinar a orientação mais auspiciosa para as construções, para posicionar a cama de um doente ou a mês de um estudante para aumentar seu rendimento.[2] Needham registra que as primeiras bússolas usadas em navegação datam de 618, entretanto um ensaio do século IV a.c. relata a utilização bússulas em viagens.[3] Shen Kuo desenvolveu a bússola de agulha magnética no século XI.[4] Buscando proteger a bússola de eventuais ataques supersticiosos de marinheiros que acreditavam nos poderes de bruxaria do instrumento [5], os comandantes foram levados a proteger a bússola em bitáculas, um cilindro de madeira usando para acondicionar a bússola do navio. Ainda no tempo de Colombo um piloto que usasse a bússola poderia ser acusado de comércio com satanás, embora ele próprio e navegadores experientes como Fernão de Magalhães tivessem várias bússolas a bordo.[6] Segundo Kirkpatrick em espanhol brújula deriva de uma mistura do italiano bussola e do murciano brujeria (bruxaria).[7]

[1] RONAN, Colin. História Ilustrada da Ciência: Oriente, Roma e Idade Média. v.2, São Paulo:Jorge Zahar, 2001, p.59; McCLELLAN III, James; DORN, Harold. Science and technology on world history: an introduction. The Johns Hopkins University Press, 1999, p.125

[2] CLARK, Peter. A evolução das cidades, História em Revista, Rio de Janeiro:Time Life, 1993, p.78

[3] TERESI, Dick. Descobertas perdidas, São Paulo:Cia das Letras, 2008, p.238

[4] MAHAJAN, Shobhit. História das invenções, Berlim:Verlag, 2008, p. 30

[5] BOORSTIN, Daniel. Os descobridores, Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 1989, p.157

[6] BOORSTIN, Daniel. Os descobridores, Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 1989, p.209

[7] AQUINO, Fernando, Gilberto, Hiran. Sociedade brasileira: uma história, São Paulo: Record, 2000, p.81




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