Entre os
tupinambás certa estrela era denominada januare,
cão, uma vez eu os índios ao deitarem-se a “estrela
late em seu encalço como um cão para devorá-la”. Januare ou Jaguar é a
estrela da tarde ou Vésper. Quando a lua permanece oculta por muito tempo devido
a algum eclipse, acontece de surgir vermelha como sangue resultado de sua
caçada.[1] A lua
vermelha segundo a astronomia ocorre na primeira lua cheia do fim do mês de
abril ou princípio de maio, na verdade trata-se de um fenômeno metereológico e
não astronômico. [2] Os tupinambás utilizavam os conhecimentos dos movimentos do Sol e da Lua na
navegação, pesca e agricultura[3]. Entre os
tupis a lua era Jaci / Yaci [4] a mãe
dos frutos que presidia todo o mundo vegetal.[5] Guaraci,
Quaraci, Coaraci ou Coraci (do tupi kûarasy, "sol") na mitologia
tupi-guarani é a representação do Sol. Tupã não era exatamente um deus, mas sim
uma manifestação de um deus na forma do som do trovão. A cerimônia do Kuarup
entre os índios do Alto Xingu se inicia somente com a lua em quarto crescente
ou lua cheia.[6] Entre os caiapós o princípio do mundo está associado ao par Sol e lua, ambos do
sexo masculino.[7] Para os antigos guaranis haviam um tigre no ceu que em certas ocasiões de
eclipses devorava o sol ou a lua.[8] Um dos
mitos dos guaraiu tem o nome de abaangui, um homem de nariz caído com o
aspecto de uma lua metamorfoseada, enquanto que zaguayu é visto como uma encarnação do sol.[9] Para os
bororos o sol e a lua pertencem ao clã dos badedgeba [10]. Ehrenreich encontra outras analogias dos
mitos dos guaraiu e os astros como a
analogia entre o tema dos gêmeos Arubiatá e Nanderiquey que representa
respectivamente a lua e o sol.[11] O sol é
igualmente descrito no mito dos tembés como um mancebo que usa botoque e tem a
cabeça coroada com plumas brilhantes. As plumas sobre a cabeça representam os
raios solares e seu uso identificaria o chefe da tribo.[12] O padre
salesiano Alcionílio Bruzzi publicou em 1962 A civilização dos Uapés em
que destaca, sob a ótica da catequese católica, a astronomia indígena na descrição
do planeta Vênus e da Lua.
[1]FERNANDES, Florestan .
A função da social da guerra na sociedade tupinambá, São Paulo:Globo, 2006
[2]MOURÃO, Rogério Freitas. Dicionário enciclopédico de astronomia e astronáutica,
Rio de Janeiro,Nova Fronteira, 1987, p. 483
[3]MIRANDA, Antonio
Carlos. A dimensão do mito. São Paulo:Allprint, 2005, p.21
[4]COSTA, Angyone.
Introdução à arqueologia brasileira: etnografia e história, São Paulo:Cia
Editora Nacional, 1938, p.257
[5]MOURÃO, Rogério Freitas. Dicionário enciclopédico de astronomia e astronáutica,
Rio de Janeiro,Nova Fronteira, 1987, p. 415
[6]SANTOS, Yolanda
Lhuillier dos. Convite à Ciência. São Paulo:Logos, 1965, p.179, 218
[7]GONTIJO, Silvana. O
mundo em comunicação, Rio de Janeiro:Aeroplano, 2001, p.90
[8]METRAUX, Alfred. A
religião dos tupinambás e suas relações com as das demais tribos tupi-guaranis,
São Paulo:Cia Editora Nacional, 1950, p. 101; SOUTHEY, Robert. História do
Brasil, Brasília: Melhoramentos, 1977, v.2, p. 218
[9]METRAUX, Alfred. A
religião dos tupinambás e suas relações com as das demais tribos tupi-guaranis,
São Paulo:Cia Editora Nacional, 1950, p. 66 http://www.brasiliana.com.br/obras/a-religiao-dos-tupinambas-e-suas-relacoes-com-as-das-demais-tribos-tupi-guaranis
[10]STRAUSS, Claude Lévi. O
pensamento selvagem. São Paulo:Cia Editora Nacional, 1970, p. 264
[11]METRAUX, Alfred. A
religião dos tupinambás e suas relações com as das demais tribos tupi-guaranis,
São Paulo:Cia Editora Nacional, 1950, p. 89
Nenhum comentário:
Postar um comentário