Na reconquista cristã de Toledo na Espanha em 1085 tornou-se um centro de traduções em que muitos monges tiveram acesso as obras dos clássicos gregos traduzidas para o árabe, o que permitiu o acesso a um conhecimento que havia se perdido durante o período romano e bizantino [1], como por exemplo o Almagesto de Ptolomeu [2] traduzido por Eugênio de Palermo [3]. Alguns tradutores do latim, mesmo com as versões gregas dos textos disponíveis, preferiam muitas vezes as versões em árabe porque os sábios muçulmanos agregavam comentários e corrigiam o texto antigo. Qusta ibn Luqa (820-912) traduziu o texto grego Aritmetica de Diofanto para o grego reformulando o texto em torno da nova disciplina da álgebra de Musa al Khwarizmi [4]. Vários tradutores acorriam a Toledo como Adelardo de Bath, Roberto de Chester, Gerardo Cremona (tradutor do Almagesto de Ptolomeu e diversas outras obras em medicina e ciências) [5], Daniel de Morlay, Alexandre Neckham, Miguel Escoto [6], entre outros.[7] Entres os judeus espanhóis destacaram-se Avicebron (1022-1070) de Málaga, que influenciou os escolásticos cristãos, Maimônides (1135-1204) de Córdoba, com trabalhos em filosofia e medicina, Averrois de Córdoba (1126-1198). A Espanha do século XIII, em especial sob o reinado de Alfonso X o Sábio (1252-1284) representou o apogeu da tolerância e da troca de conhecimentos entre as três grandes religiões: cristianismo, judaísmo e islamismo.[8]
[1]MAHAJAN, Shobhit.
História das invenções, Berlim:Verlag, 2008, p. 30
[2]MOSLEY, Michael.Uma
história da ciência. Rio de Janeiro:Zahar, 2011, p. 23
[3]TATON, René. A ciência
antiga e medieval: a idade média, tomo I, livro 3, Sâo Paulo:Difusão Europeia,
1959, p. 112
[4]HAQ, Syed Nomanul. Mito 4:
que a cultura medieval islâmica era hostil à ciência. In: NUMBERS, Ronald.
Terra plana, Galileu na prisão e outros mitos sobre a ciência e religião, Rio
de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2020, p. 60
[5]GUICHARD, Pierre. Islã. In: LE GOFF, Jacques; SCHMITT, Jean Claude. Dicionário analítico do
Ocidente medieval. v.I, São Paulo:Unesp, 2017, p. 713
[6]COSTA, José Silveira
da. A escolástica crsitã medieval, Rio de Janeiro, 1999, p.63
[7]NUNES, Ruy Afonso da
Costa. História da educação na idade média, Campinas:Kirion, 2018, p.208
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