Luis de
Albuquerque destaca que não houve qualquer inovação verdadeiramente
revolucionária no Portugal do século XV para empreender as grandes navegações.
A assim denominada “escola de Sagres” supostamente criada para formação de
navegadores portugueses quando do período do Infante D. Henrique deve ser
entendida em seu sentido metafórico uma vez que não constituía uma escola
formal de mestres e alunos com aulas regulares. Luis Albuquerque aponta que não
há qualquer registro histórico de tal escola náutica como contemporâneos como Gomes
Eanes de Zurara, Duarte Pacheco Pereira ou João de Barros. Apenas no século XIX
é que a existência física de tal escola começou a ser questionada pela
historiografia.[1] Para Francisco Contente Domingues "As referências à Escola de Sagres
aparecem em Inglaterra no séc. XIX. Sendo D. Henrique filho de uma inglesa, a
rainha D. Filipa de Lencastre, mulher de D. João I, houve uma sobrevalorização
do seu papel". A primeira referência a uma escola naval só aparece em
1559, em Lisboa, com a fundação da Aula do Cosmógrafo-mor, Pedro Nunes, quase um
século depois da morte de D. Henrique. John Reston atribui ao mito de Sagres um
produto do romantismo português do século XVIII e que seria retomado no século
XX com o ditador Antonio Salazar que colocou o infante D. Henrique como parte
do slogan nacionalista “Deus, pátria e família”. Com a Revolução dos Cravos em
1974 o mito em torno de D. Henrique diminuiu. [2]
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