segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Escola de Sagres

 

Luis de Albuquerque destaca que não houve qualquer inovação verdadeiramente revolucionária no Portugal do século XV para empreender as grandes navegações. A assim denominada “escola de Sagres” supostamente criada para formação de navegadores portugueses quando do período do Infante D. Henrique deve ser entendida em seu sentido metafórico uma vez que não constituía uma escola formal de mestres e alunos com aulas regulares. Luis Albuquerque aponta que não há qualquer registro histórico de tal escola náutica como contemporâneos como Gomes Eanes de Zurara, Duarte Pacheco Pereira ou João de Barros. Apenas no século XIX é que a existência física de tal escola começou a ser questionada pela historiografia.[1] Para Francisco Contente Domingues "As referências à Escola de Sagres aparecem em Inglaterra no séc. XIX. Sendo D. Henrique filho de uma inglesa, a rainha D. Filipa de Lencastre, mulher de D. João I, houve uma sobrevalorização do seu papel". A primeira referência a uma escola naval só aparece em 1559, em Lisboa, com a fundação da Aula do Cosmógrafo-mor, Pedro Nunes, quase um século depois da morte de D. Henrique. John Reston atribui ao mito de Sagres um produto do romantismo português do século XVIII e que seria retomado no século XX com o ditador Antonio Salazar que colocou o infante D. Henrique como parte do slogan nacionalista “Deus, pátria e família”. Com a Revolução dos Cravos em 1974 o mito em torno de D. Henrique diminuiu. [2]



[1] GOMES, Laurentino. Escravidão, v.I, São Paulo: Globo, 2019. p.85

[2] RESTON, Os cães do Senhor, São Paulo: Record, 2008, p.126



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