Uma comunidade de banqueiros florentinos de 1299 estabeleceu em seus estatutos a proibição do uso de algarismos arábicos pelo risco de falsificação ao se anotar as somas de dinheiro. Uma explicação adicional para hesitação na sua utilização se encontra em um certo desprezo dos homens do Renascimento para com os árabes [1]. O desenvolvimento dos processos de contabilidade de “partidas dobradas” após 1250 acabou impulsionando o uso do zero e dos algarismos árabes (os árabes denominavam o zero de çifr que no italiano foi traduzido para zéfiro e assumiu a forma latina zephiru segundo Leonardo Fibonacci que foi introdutor dos algarismos arábicos na Europa [2]) ao permitir cálculos mais fáceis e a contabilidade de dupla entrada com livro de contas registrando crédito, débito e o balanço.[3] O Método das Partidas Dobradas, ou Método Veneziano ("el modo de Vinegia") foi descrito pela primeira vez por Luca Pacioli no livro "Summa de Arithmetica” em 1494 tornando um dos primeiros livros impressos em matemática de ampla difusão.[4]
[1]BEAUJOUAN, Guy. Números. BEAUJOUAN, Guy. Números. In: LE GOFF, Jacques;
SCHMITT, Jean Claude. Dicionário
analítico do Ocidente medieval. v.II, São Paulo:Unesp, 2017, p. 340
[2]PIMENTA, Reinaldo. A
casa da mãe Joana. Rio de Janeiro: Campus, 2002, p. 244
[3]FOSSIER, Robert. O
trabalho na idade média. Rio de Janeiro: Vozes, 2018, p. 204; MORTIMER, Ian.
Séculos de transformações. Rio de Janeiro:DIFEL, 2018, p. 88; FOSSIER, Robert.
As pessoas da idade média, Rio de Janeiro: Vozes, 2018, p. 252
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