Em 1659 o governador do Rio de Janeiro, Salvador Correa
de Sá montou um estaleiro na Ilha do Governador e iniciou a construção de
navios usando as madeiras nobres do Brasil projetado por técnicos vindos da
Europa e construído por carpinteiros indígenas. Entre os navios construídos se
destacou o “Padre Eterno” galeão (na
Figura) construído em 1665 na Ilha do Governador de 53 metros de comprimento, algo
extraordinário para a época [1], mas que
naufragou no Oceano Índico algum tempo depois. O Galeão tinha 180 pés de
quilha, ou de comprimento na parte inferior, seis pontes, 180 escotilhas e
outros tantos canhões de ferro. Sua carga era de 4.000 caixas de açúcar, cada
caixa pesando 1.500 libas e de 2.500 grossos rolos de tabaco; era normalmente
tripulado por 3 a 4.000 homens. Pedro Teles se refere a algumas fontes que
mencionam que o Padre Eterno foi construído no Arsenal da Bahia em 1716. Embora
os portugueses o anunciassem como a maior embarcação do mundo certamente haveriam
outros navios maiores em sua época como o Sovereign of the seas construído em
1637 pelo rei da Inglaterra, de qualquer forma, segundo Pedro Teles, era um navio
de tamanho muito grande para seu tempo. Segundo Laurentino Gomes: “sua existência era testemunho das ambições
da elite escravagista brasileira no auge do ciclo do açúcar e às vésperas da
descoberta do ouro de Minas Gerais”.[2] A ilha do Galeão no Rio de Janeiro recebeu esse nome segundo o Monsenhor
Pizarro em referência a construção de uma outra embarcação contratada pelo negociante
de azeite de peixe e sal Francisco José da Fonseca. No Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro em 1764 foi construída a nau
São Sebastião de 60 metros de comprimento cuja imponência foi cantada em versos
do poeta Basílio da Gama. Os franceses a chamavam de Le Grand Dragon e foi a embarcação
usada para levar a infanta Maria Isabel à Espanha em 1816 para se casar com o
rei de Espanha Fernando VI[3] Depois da nau São Sebastião o Arsenal de marinha só voltou a construir outro
navio em 1824.[4]
[1]CALDEIRA, Jorge.
História do Brasil, São Paulo:Cia das Letras, 1997, p.65
[2]GOMES, Laurentino.
Escravidão, v.I, São Paulo: Globo, 2019. p.374
[3]LIMA, Heitor Ferreira. Formação industrial do Brasil, Rio de Janeiro: Fundo de
Cultura, 1961, p. 197
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