Os fenícios
forneciam madeira para o Egito atuando como um satélite da economia egípcia,
somente se lançando para aventura marítima quando invadido pelos “povos do mar”[1] vindo do
Norte por volta de 1200 a.c.[2]. O texto
bíblico em 1 Reis 10:22 se refere a que rei de Israel tinha no mar uma frota de
navios mercantes com os navios de Hirão da Fenícia. Cada três anos a frota
voltava, trazendo ouro, prata, marfim, macacos e pavões. A prolongada viagem de
três anos, e o fato de incluir macacos poderia sugerir a presença nas Américas.
O padre Inácio Rolim no século XIX e Fernanda Palmeira atribuem origem fenícia
as inscrições rupestres na pedra do Ingá na Paraíba.[3] Outra
inscrição atribuída aos fenícios é a de Inscrição da "Pedra-lavrada na
província da Paraíba", em Jardim do Seridó atual Rio Grande do Norte. Uma
inscrição encontrada as margens do rio Paraíba do Sul em POuso Alto em Minas Gerais encontrada em 1872 por Joaquim Alves da Costa e outra no
Rio de Janeiro na pedra da Gávea descoberta em 1899 são apontadas como a prova
da passagem dos fenícios pelo Brasil, no entanto, o estudo dos textos por um
orientalista alemão demonstrou que não se tratam de inscrições fenícias.[4] Bernardo
da Silva Ramos em Inscrições e tradições
da America prehistorica, especialmente
do Brasil publicado em 1932 argumenta que em favor de inscrições fenícias
na Pedra da Gávea no Rio de Janeiro cuja autenticidade foi contestada pelos
institutos arqueológicos brasileiros[5]. A
inscrição dizia: “Tiro, Fenícia, Badezir,
primogênito de Jetbaal” sendo que Badezir reinou na Fenícia por volta de
850 ac.[6] Ademais
os fenícios não se referiam assim de si mesmo pois “fenícia” era como
eram conhecidos entre os gregos. A inscrição em Pouso Alto as margens no rio
Paraíba[7] possui
inscrições rupestres entalhadas na rocha, ainda sem datação.
A assim conhecida como "inscrição da
Paraíba" encontrada em Pouso Alto em Minas Gerais as marges do rio Paraíba do Sul em 1872 foi enviada por Ladislau Neto para Europa mas teve
sua autenticidade negada por Ernest Renan. A London Anthropological Society
publicou-o no seu Proceeding n. 39, de 1873 negando a autenticidade do
material. A suposta descoberta de uma inscrição fenícia no Brasil, seria para
Ladislau Netto uma rara oportunidade de ver o seu nome referido nos maiores
centros de cultura do mundo, como acabava de ocorrer com Clermont-Ganneau, que
havia descoberto, no vale do Jordão, em 1869, a famosa Stela de Mesa, rei de
Moab. Na revista Novo Mundo, revista brasileira editada em português no New York
Times de 23 de abril de 1874 Ladislau Netto reconhece que o material é apócrifo:
“Esta inscrição (diz Ladislau Netto) me causaria, verdadeiramente, mais
dissabores e contrariedades do que o seu jocoso autor poderia jamais imaginar.
De tôdas as partes da Europa e da América dirigiam-me uma chuva de pedidos de
informações a respeito da inscrição. No meio dêsses dissabores e dessas lutas,
eu me perguntava a mim mesmo: qual o paleógrafo dêste país ou aqui residente,
bastante versado em línguas semíticas e especialmente em fenícia, que teve a leviandade,
a falta de escrúpulo ou a estupidez, não condizente com a sua cultura, de se
dar ao trabalho de compor, após laboriosas pesquisas, uma tão longa inscrição ?”.
Em 1967 contudo Cyrus Gordon reconhece a autenticidade do material e atribui
uma tradução: “Somos filhos de Canaã, de Sidon, a cidade do rei. O comércio
nos trouxe a esta distante praia, uma terra de montanhas. Sacrificamos um jovem
aos deuses e deusas exaltados no ano de 19 de Hirão, nosso poderoso rei.
Embarcamos em Ezion-Geber [mencionado em 2 Cronicas 8:17], no mar Vermelho, e
viajamos com 10 navios. Permanecemos no mar juntos por dois anos, em volta da
terra pertencente a Ham (África), mas fomos separados por uma tempestade, nos
afastamos de nossos companheiros e, assim, aportamos aqui, 12 homens e 3
mulheres. Numa nova praia que eu, o almirante, controlo. Mas auspiciosamente
passam os exaltados deuses e deusas intercederem em nosso favor”[8]. Segundo
Geraldo Joffily a fraude foi cometida pelo próprio Ladislau Netto: “a
"Inscrição Fenícia da Paraíba" foi um lôgro de projeção
internacional, praticado pelo próprio Ladislau Netto, que até hoje tem o seu
nome discutido nos maiores centros de paleografia do mundo”.[9] Na
conclusão de Glenn Markoe “A prova em forma de inscrição, como o celebrado
texto fenício alegadamente encontrado na Paraíba, no norte do Brasil, permanece
inverossímil. A última, que conta o desembarque de um grupo levado pela
tempestade desde Sidon, tem sido amplamente considerada uma falsificação
habilidosa. Se tão fatídica expedição tivesse realmente ocorrido, teria sido
mais provável encontrar a prova num punhado de fragmentos de cerâmica
fenícios”. Diógenes Silva em tese de mestrado junto a Universidade Complutense de Madrid em 2016
também nega a autoria fenícia das inscrições na America.[10]
[1]https://pt.wikipedia.org/wiki/Povos_do_Mar
[2]BELL, Maurice. Druidas,
herois e centauros. Belo Horizonte:Itatiaia, 1959, p.19
[3]https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedra_do_Ing%C3%A1
[4]HERRMANN, Paul. As
primeiras conquistas. São Paulo:Boa Leitura Editora, 3ª edição, p. 197;
LONGMAN, Byron. Descobridores esquecidos do novo mundo. In: Seleções do
Reader’s Digest, Os últimos mistérios do mundo, Lisboa, 1979, p.53
[5]COSTA, Angyone. Introdução
à arqueologia brasileira: etnografia e história, São Paulo:Cia Editora
Nacional, 1938, p.128; HETZEL, Bia; MEGREIROS, Silvia. Prehistory of Brazil.
Rio de Janeiro:Manati, 2007, p. 119
[6]MALKOWSKI, Edward. O
Egito antes dos faraós. São Paulo:Cultrix, 2010, p. 184
https://helioaraujosilva.wordpress.com/tag/teoria-da-presenca-de-fenicios-no-brasil/
[7]https://www.youtube.com/watch?v=cXX163MSYio
[8]https://www.youtube.com/watch?v=HGvXGli-odQ
[9]https://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/download/131942/128087
[10]https://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_da_presen%C3%A7a_de_fen%C3%ADcios_no_Brasil
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