Entre
os assírios a astrologia era uma forma de augúrio bastante popular.[1] Os deuses são associados aos astros: Sin é o deus lua, Chamach o deus Sol, a
deusa Ishtar o planeta Vênus[2].
Ishtar é Vênus a estrela matutina e vespertina, e a estrela de oito pontas. Sob
controle de Ishtar, a rainha dos céus, dançam todas as noites os signos do
zodíaco em carruagem puxada por leões ou bodes.[3] Na figura Ishtar segura sua estrela diante da deusa lua Sin. A referência a um “cinturão
de Ishtar” [4] ou
“espartilho de Ishtar” em algumas
referências parece estar relacionada a um desenvolvimento posterior entre os
egípcios referente ao amuleto Tyet, feito de jaspe, usado para proteger as
múmias, citado no livro dos Mortos de Nu[5] conhecido como “nó de Isis”, sem correlação, portanto, com os astros. Os
escritos astrológicos babilônios misturam profecias e observações astronômicas.
Segundo the Reports of the magicians and
astrologers of Nineveh and Babylon in the British Museum de Reginald
Thompson publicado em 1900 alguns dos augúrios previam que quando “Júpiter ficar na frente de marte haverá
milho e os homens serão mortos ou um grande exército será morto”, “quando a lua montar numa carruagem o domínio
do rei da Acádia será próspero”, “quando
Mercúrio culminar em Tamnuz haverá cadáveres”, “quando Júpiter se encontrar com Vênus as preces chegarão ao coração dos
deuses”.[6] Segundo Neugebauer um dos mais antigos horóscopos babilônicos encontrado data
de 409 a.c. Para Neugebauer: “o papel da
astronomia é talvez único, na medida em que seu desenvolvimento lento, mas
firme, criou as bases para o mais decisivo passo da história humana: a criação
das modernas ciências exatas”.[7] Para Daniel Boorstin: “O
desenvolvimento da ciência dependeria da
disposição do homem para acreditar no improvável, para passar por cima dos
ditames do senso comum. Com a astrologia o home deu seu primeiro grande passo
científico para um esquema que descrevesse como forças invisíveis provenientes
da maior distância imaginável, do próprio fundo dos céus, moldavam os triviais
acontecimentos quotidianos. O ceu foi, pois, o laboratório da primeira ciência
da humanidade”[8].
No modelo astronômico da antiguidade não havia contudo a percepção de que tais
astros tivessem tão distantes do homem. A tabuleta de Ammizaduga (Enuma Anu
Enlil) da Assíria escrita com caracteres cuneiformes datada de XVII a.c. contêm
um documento completo de astronomia com movimentos de Vênus e os presságios
associados a cada ciclo.[9] Isaías condena a prática de astrologia dos babilônios (47:13-15): “Já estás cansada com a multidão das tuas
consultas! Levantem-se, pois, agora, os que dissecam os céus e fitam os astros,
os que em cada lua nova te predizem o que há de vir sobre ti. Eis que serão
como restolho, o fogo os queimará; não poderão livrar-se do poder das chamas”.
O modelo hierárquico da astrologia babilônia imitava a ordem social do país. No
nível superior estava Saturno, porque é o planeta mais lento e por isso se
acredita ser o astro mais poderoso. Depois seguiam-se Júpiter, Marte, Sol,
Vênus, Mercúrio e a lua, considerada mais débil.[10] Marilena Chaui observa que a invenção do calendário mostra uma capacidade de
abstração e percepção do tempo como algo natural passível de ser compreendido
pelo homem e não como algo decorrente de uma força divina incompreensível. [11] O sacerdote babilônio de Baal, Beroso (século III a.c.) escreveu em língua
grega a “História da Babilónia” composta por três livros, texto hoje
perdido, mas mencionado por escritores clássicos como Flávio Josefo os quais
mencionam a existência de tratados de astrologia por ele escritos.[12]
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