quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Amuletos egípcios

 

Inumeráveis amuletos possuem inscrições em hieroglifos que significam “vida”, “saúde” ou “duração” o que revela o valor mágico atribuído às joias e as cores da pedras. Para o antigo Egito a magia - heka possivelmente significava em sua origem “reger os poderes”. Ka é o poder que fixa e torna o indivíduo um espírito animado[1]. Gaston Maspero considera o ka como uma réplica do homem vivendo o mesmo período de tempo que ele. Breatesd entendia tratar-se de uma espécie de anjo da guarda[2]. Ka e Ba são as duas partes de alma, em que ka é a parte da alma que faz a conexão do corpo com ba o sopro da vida, representado na forma de um pássaro, tal como uma cegonha que mostra a capacidade de migrar e retornar ao mesmo ponto.[3] Nas tumbas a existência de uma porta falsa representada em uma estela é o caminho pelo qual ba pode entrar e sair do túmulo.[4] Nos hieróglifos antigos o ba era representado por uma cegonha e posteriormente por um pássaro com cabeça humana tendo diante de si uma lamparina. Em Abidos foi encontrado um simples pente datado de 2920 a.c. que mostra a imagem do rei Zet, cuja menção tinha o poder de afastar os espíritos maus.[5] Entre os amuletos estava o ankh que representa a vida [6] (a alça acima representa o símbolo feminino o ceu, e a cruz em forma de T significa o elemento masculino a terra, representando a união de Ísis com Osíris, do ceu com a terra)[7], o wedjat [8] ou olho de Hórus, símbolo da vigilância protetora, o pilar de Osíris ou djed que significava continuidade[9] (o princípio desta coluna é estar firmemente ereta como prova da superação da morte do decaimento)[10]; o rolo de papiro ou udja que representava a juventude; o nó de Ísis ou tyet [11] que significava a ressurreição dos mortos (o nó representa um ponto de convergência de forças que unem o mundo divino e o mundo humano[12]) , e o cetro de Ptah, was, emblema de poder e prosperidade.[13] O escriba sentado no Museu do Louvre mostra uma técnica aperfeiçoada para confecção dos olhos, assim como a estátua de Rahotep e Nofret no Museu do Cairo da quarta dinastia (2575-2551 a.c) que mostra os olhos incrustados de cristais e quartzo, o que demonstra o desenvolvimento da técnica para representação dos olhos a qual se atribuía um significado místico.[14] Na tumba de Shepseskaf-Ankh, médico egípcio que serviu ao faraó Shepseskaf (c. 2472 a 2467 a.C.), descoberta em Abusir, próximo ao Cairo, em 2013 observa-se nos murais em destaque a representação do símbolo ankh.[15]



[1]WEST, John Anthony. The traveler’s key to ancient Egypt, New York:Quest, 2012, p. 64; Vatican Museums, Rome:Libreria Editrice Vaticana, 2011, p.102

[2]EDWARDS, J. As pirâmides do Egito, Rio de Janeiro:Record, 1985, p.34

[3]MALKOWSKI, Edward. O Egito antes dos faraós. São Paulo:Cultrix, 2010, p. 248

[4]BIANCHINI, Nicola. Mummies in ancient Egypt. National archaelogical Museum, Florence, 2014, p.13

[5]TIRADRITTI, Francesco. Tesouros do Egito do Museu egípcio do Cairo, White Star Pub, 1998, p.44

[6]JAMILLE, Marcia. Amuletos Egípcios | Ankh, Wedjat, deuses, Livros dos Mortos e etc, minuto 16:00 https://www.youtube.com/watch?v=9cUdVkD3GAk

[7]O’CONNEL, Mark, AIREY, Raje. Almanaque ilustrado dos símbolos. São Paulo:Escala, 2010, p.15

[8]STROUHAL, Eugen. A vida no antigo Egito. Barcelona:Folio, 2007, p. 251; WHITE, Jon Manchip. O Egito Antigo, Rio de Janeiro:Zahar, 1966, p. 87

[9]LANGE, Kurt. Pirâmides, esfinges e faraós, Belo Horizonte:Itatiaia, 1958, p. 133

[10]CLARK, Rundle. Símbolos e mitos do Antigo Egito, São Paulo:Hemus, (s.d.), p.239

[11]JAMILLE, Marcia. O amuleto da deusa Ísis: conheça o Tyet! https://www.youtube.com/watch?v=Aw5CYFOzhiM

[12]JACQ, Christian. O mundo mágico do antigo Egito, Rio de Janeiro:Bertrand do Brasil, 2001, p.78

[13]STROUHAL, Eugen. A vida no antigo Egito. Barcelona:Folio, 2007, p. 83

[14]MALKOWSKI, Edward. O Egito antes dos faraós. São Paulo:Cultrix, 2010, p. 92

[15]https://www.fascinioegito.sh06.com/shepseskaf_ankh.htm



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