A forma piramidal das
pirâmides do Egito remete aos montes de terra que se formam logo após as águas
do Nilo recuarem após o período de inundação. Na mitologia egípcia denomina-se benben[1] o primeiro monte de terra que surgiu após as primeiras águas (nun) no momento da criação. A pirâmide,
portanto, remete a este elemento da criação e possibilita ao faraó após a morte
atingir os ceus usando os raios de sol refletidos pela pirâmide como uma rampa.[2] Segundo
o Texto das Pirâmides, descoberto por Gaston Maspero[3] gravado
nas paredes das câmaras interiores dos faraós e rainhas da VI Dinastia (2350
-2250 a.c.)[4] “Os dois montes de abrem, O deus ganha a
vida, o deu tem poder em teu corpo. O monte nasceu, os capôs vivem”.[5] Os Textos das Pirâmides descobertos em 1881 pelo francês Gaston Maspero e que
compõe um conjunto de inscrições em pedra com inscrições em hieróglifos em
turquesa e ouro, encontradas em diversas câmaras mortuárias, sendo o mais
antigo encontrado na pirâmide de Unas [6], último
faraó da V dinastia (2465-2323 a.C.), referem-se diretamente ao conceito de uma
escadaria divina que conduziria aos céus.[7] O Texto
das Pirâmides (Texto 587) invoca ao conceito de uma colina Primordial: “Te ergueste sob teu nome de Grande Colina”.[8] Um dos
mitos de criação egípcios mais populares representa a terra sob a forma de uma
colina de onde emerge uma lótus.[9] Edwards
argumenta que o mesmo motivo que levou a construção das mastabas pode ter
levado a construção de uma sucessão de camadas para a pirâmide escalonada. O
encantamento 267 do Texto das Pirâmides diz: “uma escada para o ceu é montada para ele (o rei), para que possa subir
ao ceu por ela”. [10] A
pirâmide de Zoser apresentava seis degraus. O verbo egípcio para “subir”
incluía o símbolo de uma pirâmide em escada. O deus rei Pepi “colocou esta radiância [a face lisa de uma
pirâmide] como uma escada debaixo dos seus pés [...] escadas para o ceu são
colocadas para ele”. [11] Uma Escultura
em madeira encontrada no túmulo de Tutancâmon com a cabeça do jovem rei de
cerca de 10 anos, denominado Nefertem, representando-o como o Menino Renascido,
ou Deus Sol, erguendo-se das pétalas do lótus azul sagrado: “Aquele que emergiu
do lótus sobre o Alto Monte, que ilumina com os olhos, as Duas Terras”.[12]
[1]https://en.wikipedia.org/wiki/Benben
[2]Allen, James P. "Why a Pyramid? Pyramid Religion." In Hawass,
Zahi, ed. The Treasures of the Pyramids. Italy: White Star, 2003, pp. 22-27.
http://giza.fas.harvard.edu/pubdocs/1025/full/ TORRES, Ines. Module 4: Pyramids
and solar religion. Harvard online Courses: Pyramids of Giza: Ancient Egyptian
Art and Archaeology, 2018.
https://online-learning.harvard.edu/course/pyramids-giza-ancient-egyptian-art-and-archaeology?offset=12
[3]ROMER, John. O vale dos
Reis, São Paulo:Melhoramentos, 1994, p. 152
[4]CLARK, Rundle. Símbolos
e mitos do Antigo Egito, São Paulo:Hemus, (s.d.), p.11
[5]LAMY, Lucien. Mistérios
egípcios, Madri:Prado, 1996, p.5
[6]WEST, John Anthony. The traveler’s key to ancient Egypt, New
York:Quest, 2012, p. 165
[7]ANGELL, Christopher.
Dentro das pirâmides do Egito. Seleções do Reader’s Digest, Os últimos
mistérios do mundo, Lisboa, 1979, p.190
[8]CLARK, Rundle. Símbolos
e mitos do Antigo Egito, São Paulo:Hemus, (s.d.), p.32
[9]EDWARDS, J. As
pirâmides do Egito, Rio de Janeiro:Record, 1985, p.25
[10]EDWARDS,
J. As pirâmides do Egito, Rio de Janeiro:Record, 1985, p.249
[11]BOORSTIN,
Daniel. Os descobridores, Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 1989, p.90
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