segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Tales e a previsão de eclipses

 

Tales de Mileto conseguira prever o eclipse solar de 28 de maio de 585 a.c.[1] (a data precisa do eclipse nos permite concluir a época em viveu Tales)[2] uma façanha histórica que rompia com as previsões de adivinhos, o que fez propor uma linha investigativa mais ambiciosa: “Se aqui impera uma ordem, por que não em toda a natureza ? Não existirá porventura um princípio ou arché, uma fonte de força que dê origem a todos os fenômenos e aparências que constituem o universo ? “[3]. Apesar dessa ordem Tales acreditava que as pedras com propriedades magnéticas eram atraídas entre si porque tinham alma[4]. Segundo Diógenes Laércio, Xenófanes admirava Tales (624-546 a.c.) por ter predito eclipses solares.[5] Jean Vernant e William Bynum referem-se a esta previsão de Tales como uma lenda, uma vez que não tinha condições de prever eclipses.[6] Os reis da Pérsia Ciro e da Lídia Creso encerraram a guerra após o eclipse tão impressionados com o fenômeno.[7] O jônico Tales era comerciante e pode viajar ao Egito onde aprendeu matemática e astronomia caldaica.[8] As tabelas de eclipses e outros fenômenos celestes dos sacerdotes da Babilônia, entretanto, antecedem algum séculos da época de Tales.[9] Tales e Anaxágoras expõem a tese de que a lua é iluminada pelo Sol [10], tese também defendida por Macrobius no século IV.[11] Segundo Cícero: "Arquimedes havia descoberto uma forma de representar com precisão através de um único dispositivo os vários movimentos dos cinco planetas com suas taxas de velocidade únicas garantindo que o mesmo eclipse mostrado no aparelho aconteça de fato" o que sugere que teria sido Arquimedes o inventor deste mecanismo. Um segundo mecanismo de previsão de eclipses baseado em engrenagens data de 520 d.c. e foi encontrado entre os árabes[12] O consul romano Gallus Suplicius, descrito por Cícero como um astrônomo ardoroso e paciente, na batalha de Pydnaa na Macedônia em 168 a.c. conseguiu tranquilizar os soldados romanos ao explicar a natureza de um eclipse enquanto os inimigos permaneciam terrificados com o acontecimento.[13] Sêneca em Quaestiones naturales escrito por volta de 63 d.c. profetiza que “haverá um dia que o home descobrirá as órbitas dos cometas e dará a razão de suas trajetórias serem tão diferentes das dos demais planetas”.[14]


[1]HOGBEN, Lancelot. Las matemáticas al alcance de todos. Joaquín Gil: Buenos Aires, 1943, p. 142

[2]MONDOLFO, Rodolfo. O pensamento antigo v.I. São Paulo:Mestre Jou, 1964, p.38

[3]STEVERS, Martin. A inteligência através dos séculos. São Paulo:Globo, 1946, p.266

[4]COLLINS, Derek. Magia no mundo grego antigo, São Paulo: Madras, 2009, p. 26

[5]SOUZA, José Cavalcante. Os pré socráticos: fragmentos, doxografia e comentários. Coleção os pensadores, São Paulo: Abril Cultural, 1985, p. 65

[6]VERNANT, Jean Pierre. As origens do pensamento grego, Rio de Janeiro:Difel, 2002, p. 130; BYNUM, William. Uma breve história da ciência. Porto Alegre:L&PM Pocket, 2018, p. 19

[7]KITTO, Humphrey Davey Findley. Os gregos. Coimbra:Armenio Amado, 1970, p. 181, 295

[8]KITTO, Humphrey Davey Findley. Os gregos. Coimbra:Armenio Amado, 1970, p. 294

[9]GORMAN, Peter. Pitágoras, uma vida, São Paulo:Círculo do Livro, 1993, p. 48

[10]TATON, René. A ciência antiga e medieval, tomo I, livro 2, Sâo Paulo:Difusão Europeia, 1959, p.22

[11]MOURÃO, Rogério Freitas. Dicionário enciclopédico de astronomia e astronáutica, Rio de Janeiro,Nova Fronteira, 1987, p. 496

[12]https://www.oficinadanet.com.br/ciencia/22782-mecanismo-de-anticitera-o-computador-de-2000-anos

[13]MOURÃO, Rogério Freitas. Dicionário enciclopédico de astronomia e astronáutica, Rio de Janeiro,Nova Fronteira, 1987, p. 763

[14]SARTON, George. Historia de la ciência, Buenos Aires:Editorial Universitaria Buenos Aires, 1959, p. 176




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