A Royal Society teve como inspiração a Nova Atlântida de Francis Bacon que descreve a Casa de Salomão uma academia devotada à ciência em benefício da humanidade[1] cujo objetivo era o de acumular a sabedoria de todo o mundo especialmente nas ciências, artes, manufaturas e inventos[2], como revela seu historiador Thomas Sprat em 1667 ao elogiar Francis Bacon: “que tinha a verdadeira imaginação da extensão total desta empreitada, que agora está consolidada” . Sprat deixa claro que a proposta da Royal Society não é a de reunir iniciados: “No que concerne aos membros que devem constituir a Sociedade, é preciso notar que são livremente admitidos homens de religiões, países e profissões diferentes. Eles declaram abertamente não preparar a fundação de uma filosofia inglesa, escocesa, papista ou protestante, mas a fundação de uma filosofia do gênero humano”.[3] Para Paolo Rossi a revolução científica do século XVII traz uma ruptura com a sabedoria hermética na medida em que “o segredo, para a ciência e no âmbito da ciência, tornou-se um desvalor”.[4] Na Nova Atlântida de Francis Bacon os membros são advertidos a não usarem seu conhecimento para benefício próprio mantendo-os em segredo fazendo-se passar por magos ou seres dotados de poderes sagrados: “podeis facilmente crer que nós, que temos tantas coisas perfeitamente naturais que provocam admiração poderíamos, em muitos casos particulares, enganar os sentidos se quiséssemos ocultá-las e fazer com que parecessem mais milagrosas. Mas odiamos toda a impostura e mentira, sob pena de ignomínia e multa, todos os nossos discípulos de adornarem ou apresentarem qualquer coisa ou obra natural com qualquer espécie de exagero; mas pelo contrário, devem apresentá-las na sua pureza e sem qualquer ostentação de mistério”.[5]
[1]FANNING, Philip. Isaac
Newton e a transmutação da alquimia, Santa Catarina:Danúbio, 2016, p. 80
[2]BACON,
Francis. Novum Organum, Sâo Paulo: Abril, Os pensadores, 1973, p. 259
[3]ROSSI, Paolo. O
Nascimento da ciência moderna na Europa, Bauru:Edusc, 2001, p. 58
[4]ROSSI, Paolo. O Nascimento da
ciência moderna na Europa, Bauru:Edusc, 2001, p. 64
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