A reforma das corporações de ofícios implementada por
Colbert (1619-1683) fixava o número de mestres, a duração do aprendizado, as
horas de trabalho e até o horário das refeições[1]. A
fiscalização ficava a cargo dos inspecteurs
des manufactures responsáveis pela aplicação de pensas severas aos
infratores[2]. Com Colbert a indústria manufatureira era
mantida sobre rigoroso controle através de uma minuciosa regulamentação que
prescrevia quase todos os detalhes do processo de manufatura.[3] Em 1671,
por exemplo, Colbert concede um privilégio a Pierre Guichard para manufatura de
algodão e fio tendo para tanto contratado artesãos estrangeiros[4]. Segundo
Colbert somente a abundância de prata num Estado faz a diferença de sua grandeza e de seu
poder e nesse sentido as guerras dos holandeses na conquista de minas de prata e
o desenvolvimento de sua indústria fez-se em detrimento do poder francês de
modo que “é fácil concluir que quanto mais pudermos suprimir os ganhos que
os holandeses obtém sobre os súditos do rei e o consumo de mercadorias que nos
trazem, tanto mais aumentaremos a prata corrente que deve entrar no reino por
meio de nossos gêneros necessários e tanto mais aumentaremos o poder, a
grandeza e a abundância do Estado”, para tanto fundamental é o investimento
na construção naval para reforçar o poderia militar.[5] De 1672 a 1678 a França aliada com a
Inglaterra empreendeu guerra contra a Holanda. Luís XIV não conseguiu alcançar
seus objetivos iniciais, mas a França terminou o conflito como a grande
potência militar europeia. Para Paul Mantoux a política e fomento industrial de
Colbert com uma ação indutora decisiva do Estado tendo por base a concessão de
privilégios se aproxima da experiência inglesa do século XVII com a concessão
de privilégios reais, supressão da concorrência interna mediante medidas
legislativas e politica protecionista. Tais políticas, segundo Paul Mantoux,
fomentaram um desenvolvimento artificial que conduziria à ruína tão logo tais
privilégios foram subtraídos e que se contrapõe a era da grande indústria[6]. Carroll
Quigley destaca que os códigos de ofícios publicados por Colbert entre 1666 a
1730 continha sete volumes de 2200 páginas descrevendo cada detalhe as técnicas
de fabricação tendo como objetivo proscrever as inovações.[7]
[1]WILHELM, Jacques. Paris
no tempo do rei sol: a vida cotidiana, São Paulo:Cia das Letras, 1988, p. 68
[2]GIRARDET, Raoul. Histoire – Le fin du moyen age et les temps modernes,
Paris:Fernand Nathan, 1965, p.314, 320
[3]BURNS, Edward McNall.
História da civilização ocidental, Rio de Janeiro:Ed. Globo, 1959, p.502
[4]DEYON, Pierre. O mercantilismo, São Paulo: Perspectiva, 1985, p.95
[5]DEYON, Pierre. O mercantilismo, São Paulo: Perspectiva, 1985, p.99
[6]MANTOUX, Paul. A
revolução industrial no seculo XVIII, São Paulo:Unesp, p.9
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