Varnhagen aponta indícios de comércio entre os povos
da Amazonia com os povos quíchuas vizinhos pelas trilhas encontradas por
Orellana, os maués do rio Negro negociam com canoas e armas, no entanto a
organização das comunidades indígenas era a de uma “verdadeira fraternidade
comunista”.[1] Spix refere-se às canoas de jatobá feita pelos índios caiapós, facilmente
transportadas de um rio a outro.[2] Louis
Baudin também menciona o contato entre incas e povos araucãs / arawak [3] da
Amazônia [4]. Américo
Vespúcio ao percorrer os rios da região Amazônica no século XVI reporta a presença
de “canoas muito bem feitas”. [5] A figura mostra Fabricação de canoa por índios do Alto Amazonas. Aquarela
de Francisco Requeña y Herrera, chefe da comissão espanhola de limites da
Amazônia, 1778-1785 [6] Segundo Frei Vicente Salvador em sua História do
Brasil: “Mas os índios naturais da terra as embarcações de que usam são
canoas de um pau só, que lavram a forro e ferro; e há paus tão grandes que
ficam depois de cavadas com dez palmos de bocas de bordo a bordo, e tão
compridas que remam a vinte remos por banda”. O padre Simão de Vasconcelos
incorre em exagero quando menciona canoas indígenas capazes de transportar 150
guerreiros. O dicionário do padre Rafael Bluteau de 1712 descreve canoa como “Embarcação,
de que usam os gentios da América para a guerra, de que mais se aproveitam os
moradores para o serviço, pela pouca água que demandam e pela facilidade com
que navegam(...). Cada qual se forma de um só pau comprido e boleado, a que
tirada a face de cima, arrancam todo o âmago, e fica a moda de lançadeira de
tear, e capaz de vinte ou trinta remeiros”. O Almirante Antônio Alves
Câmara, em Ensaio sobre as Construções Navais Indígenas do Brasil de 1888 afirma
que “a origem desta palavra [canoa] é americana, das caraíbas”. Clóvis
da Costa Rodrigues argumenta que as canoas foram fundamentais para exploração
da bacia do Amazonas para além do Tratado de Tordesilhas, facilitada pela
construção de canoas a partir dos troncos das gigantescas ubás de excepcional diâmetro [7]
[1]VARNHAGEN, Francisco
Adolfo. História geral do Brasil, São Paulo:Melhoramentos, 1948, v. I, p. 53
[2]NASH, Roy. A conquista
do Brasil. São Paulo:Cia Editora Nacional, 1939, p. 279
[3]COE, Michael. Antigas
Américas, mosaico de culturas, v. II Madrid:Ed. Del Prado, 1996, p. 156
[4]BAUDIN, Louis. A vida
quotidiana dos últimos incas, Lisboa:Ed. Livros do Brasil, p. 267
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