domingo, 9 de agosto de 2020

Canoas indígenas

 

Varnhagen aponta indícios de comércio entre os povos da Amazonia com os povos quíchuas vizinhos pelas trilhas encontradas por Orellana, os maués do rio Negro negociam com canoas e armas, no entanto a organização das comunidades indígenas era a de uma “verdadeira fraternidade comunista”.[1] Spix refere-se às canoas de jatobá feita pelos índios caiapós, facilmente transportadas de um rio a outro.[2] Louis Baudin também menciona o contato entre incas e povos araucãs / arawak [3] da Amazônia [4]. Américo Vespúcio ao percorrer os rios da região Amazônica no século XVI reporta a presença de “canoas muito bem feitas”. [5] A figura mostra Fabricação de canoa por índios do Alto Amazonas. Aquarela de Francisco Requeña y Herrera, chefe da comissão espanhola de limites da Amazônia, 1778-1785 [6] Segundo Frei Vicente Salvador em sua História do Brasil: “Mas os índios naturais da terra as embarcações de que usam são canoas de um pau só, que lavram a forro e ferro; e há paus tão grandes que ficam depois de cavadas com dez palmos de bocas de bordo a bordo, e tão compridas que remam a vinte remos por banda”. O padre Simão de Vasconcelos incorre em exagero quando menciona canoas indígenas capazes de transportar 150 guerreiros. O dicionário do padre Rafael Bluteau de 1712 descreve canoa como “Embarcação, de que usam os gentios da América para a guerra, de que mais se aproveitam os moradores para o serviço, pela pouca água que demandam e pela facilidade com que navegam(...). Cada qual se forma de um só pau comprido e boleado, a que tirada a face de cima, arrancam todo o âmago, e fica a moda de lançadeira de tear, e capaz de vinte ou trinta remeiros”. O Almirante Antônio Alves Câmara, em Ensaio sobre as Construções Navais Indígenas do Brasil de 1888 afirma que “a origem desta palavra [canoa] é americana, das caraíbas”. Clóvis da Costa Rodrigues argumenta que as canoas foram fundamentais para exploração da bacia do Amazonas para além do Tratado de Tordesilhas, facilitada pela construção de canoas a partir dos troncos das gigantescas ubás de excepcional diâmetro [7]



 [1]VARNHAGEN, Francisco Adolfo. História geral do Brasil, São Paulo:Melhoramentos, 1948, v. I, p. 53

 [2]NASH, Roy. A conquista do Brasil. São Paulo:Cia Editora Nacional, 1939, p. 279

 [3]COE, Michael. Antigas Américas, mosaico de culturas, v. II Madrid:Ed. Del Prado, 1996, p. 156

 [4]BAUDIN, Louis. A vida quotidiana dos últimos incas, Lisboa:Ed. Livros do Brasil, p. 267

 [5]WENDT, Herbert. Tudo começou em Babel, São Paulo:Difusão, 1962, p. 202

[6] CUNHA, Manuela Carneiro. História dos índios no Brasil, São Paulo:Cia das Letras, 1992

[7] RODRIGUES, Clovis da Costa. A inventiva brasileira, v. 1, Brasília: Instituo Nacional do Livro, 1973, p. 280


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