quarta-feira, 22 de julho de 2020

Reminiscencias de Platão

Platão no Menon desenvolve o conceito de que o conhecimento das coisas não se baseava na observação, mas na “reminiscência” em um recordar de uma existência prévia.[1] A alma busca encontrar as ideias porque as contemplou no mundo da verdade eterna antes de ter encarnado.[2] Usando deste método Platão menciona uma cena em que Sócrates extrai de um jovem escravo por meio de perguntas, o reconhecimento de uma verdade geométrica.[3] A maiêutica socrática tem como significado “dar à luz”, “parir” o conhecimento (maîa, em grego, “parteira”) e pressupõe que "a verdade está latente em todo ser humano, podendo aflorar aos poucos na medida em que se responde a uma série de perguntas simples, quase ingênuas, porém perspicazes". Segundo Rodolfo Mondolfo Platão transforma o método socrático da maiêutica em uma teoria do conhecimento onde serão as coisas sensíveis que nos despertam a lembrança das ideias, porque são suas sombras e permitem que encontremos a luz deixando nossa caverna, ou seja, deixemos de nos prender ao mundo dos sentidos.[4] Heidegger observa que na filosofia de Platão o termo usado para “verdade” é “aleteia’, em que lethea significa “esquecimento” de modo que a verdade consiste em desfazer o esquecimento. Para Platão o conhecimento é inato[5] e a metafísica é a história do progressivo esquecimento do ser. [6]Sócrates ao conversar com Menon comenta: “Aprender, é simplesmente, desse modo, recordar[7]. Dentro de uma perspectiva aristocrática em que se baseava a civilização clássica grega “a Idade do Ouro devia ser encontrada no passado e não no futuro”.[8]



[1] QUIGLEY, Carroll. A evolução das civilizações, Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1961, p.214; CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia, São Paulo: Ática, 2004, p. 70

[2] MONDOLFO, Rodolfo. O pensamento antigo: desde Aristóteles até os neoplatônicos, São Paulo: Mestre Jou, 1973, p. 248

[3] WILLIAMS, Bernard. Filosofia, In: FINLEY, Moses. O legado da Grécia, Brasília: UNB, 1998, p. 262

[4] MONDOLFO, Rodolfo. O pensamento antigo: desde Aristóteles até os neoplatônicos, São Paulo: Mestre Jou, 1973, p. 248

[5] COLCHETE, Eliane; JUNIOR, Luis. A formação da filosofia contemporânea, Rio de Janeiro:Litteris, 2014, p.50

[6] COLCHETE, Eliane; JUNIOR, Luis. A formação da filosofia contemporânea, Rio de Janeiro:Litteris, 2014, p.155

[7] BARRETO, Elias. Enciclopédia das grandes invenções e descobertas. São Paulo:Cascino Editores, 1971, p.37

[8] QUIGLEY, Carroll. A evolução das civilizações, Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1961, p.201



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