A presença de escravos depreciava os salários e prejudicava o desenvolvimento de um proletariado livro consumidor, o que restringia as possibilidades de desenvolvimento de um mercado interno. [1]Segundo Manoel Maurício de Albuquerque “O emprego em larga escala de escravos, produtores diretos e não consumidores impunha a permanência de um mercado interno quase restrito à classe proprietária. Na conjuntura econômica dominada pelo extrativismo mineral, na primeira metade do século XVIII, mudou parcualmente essa estrutura limitada porque a divisão do trabalho social se ampliou, mercê das condições de dependência de consumo específicas daquela área produtora”. [2] A urbanização que se verifica no século XVII em torno de cidades como sabará, Vila Rica (Ouro Preto), São João del Rei entre outras cidades contribuiu para organização de um mercado interno em torno de produtos como gado, couro e carne salgada. Antonil testemunha o aumento do comércio de produtos de luxo para a elite mineira: ”tanto que se viu a abundância do ouro que se tiirava e a largueza com que se pagava tudo o que lá ia, logo se fizeram estalagens e logo começaram os mercadores a mandar às minas o melhor que chega aos navios do Reino e de outras partes, assim de mantimentos, como de regalo e de pomposo para se vestirem, além de mil bugiarias de França, que lá também foram dar”.[3] O movimento de urbanização, contudo, é incipiente para alavancar o desenvolvimento tecnológico no país: “a revolução tecnológica e científica, que em outras regiões do mundo aparece associada ao processo de urbanização e industrialização, é frustrada pela posição dependente que o país ocupa no mercado mundial, pela importação de tecnologia necessária, pela existência de abundante mão de obra barata e pela debilidade do mercado interno”.[4]Para Cesar Benjamin, tendo como fundamento as análises de Caio Prado Júnior e Celso Furtado fomos uma “empresa territorial colonial voltada para fora e controlada de fora, em que a fonte de demanda autônoma foram as exportações de alimentos, matérias primas e minérios onde o mercado interno se atrofiou induzindo um baixo efeito multiplicador de renda”. Segundo Celso Furtado no Brasil colônia há a ausência de mercado interno, de base técnica e empresarial e de uma classe de dirigentes dinâmica. Em 1950 em Características gerais da economia brasileira, Celso Furtado conclui que “os lucros excessivamente elevados, a socialização das perdas, o controle parcial das atividade agroexportadors por grupos financeiros estrangeiros, o elevado preço do dinheiro e a debilidade do mercado interno, todos esses fatores concorrerão para retardar a formação no país de um autêntico espírito de empresa, condição básica do desenvolvimento de uma economia capitalista”[5]
[1] EISENBERG, Peter. Modernização sem mudança: a indústria açucareira em Pernambuco 1840-1910. São Paulo: Unicamp, 1977, p.32
[2]ALBUQUERQUE, Manoel Maurício. Pequena história da formação social brasileira, Rio de Janeiro: Graal, 1981, p. 20
[3]ALBUQUERQUE, Manoel Maurício. Pequena história da formação social brasileira, Rio de Janeiro: Graal, 1981, p. 23
[4] COSTA, Emília Viotti. Da monarquia à República: momentos decisivos, São Paulo:Brasiliense, 1987, p.225
[5]ARAÚJO, Tarcísio, VIANNA; Salvador Werneck; MACAMBIRA, Júnior. 50 anos de Formação Econômica do Brasil: ensaios sobre a obra clássica de Celso Furtado, Rio de Janeiro:IPEA, 2009, p. 19, 52, 98
Nenhum comentário:
Postar um comentário