Sólon estimulou o comércio reformando o sistema de pesos e medidas com aperfeiçoamento no sistema de cunhagem de moedas.[1] Sólon modificou o regime de agricultura de subsitência para o de uma produção especializada, industrial e agrícola. Sólon iniciou na Ática uma política de produção de óleo de oliva e vinho para exportação e promoveu a indústria de manufaturados fomentando a entrada de artesãos estrangeiros tais como ceramistas concedendo-lhes cidadania ateniense[2] e ordenou que todos os pais ensinassem um ofício aos filhos o que levou ao desenvolvimento na arte dos oleiros atenienses[3]. Com isso alguns poucos anos depois Atenas já podia competir com a cerâmica de Corinto ainda antes do fim do século VI a.c.. [4]Embora algumas destas resoluções de fato tenham favorecido as atividades manufatureiras, tais medidas visavam muito mais a exportações de produtos para garantir os recursos necessários para as importações de trigo do que propriamente fomentar um crescimento da indústria. O exército romano de um império em expansão era um dos principais mercados para os produtos manufaturados[5]. As repercussões políticas dessa revolução econômica haviam derrubado a aristocracia hereditária na maioria dos Estados helênicos, embora seus privilégios ainda continuassem mantidos.[6] Perry Andersen, contudo, destaca que a agricultura era o setor dominante na economia da Grecia clássica: “As cidades greco romanas nunca foram predominantemente comunidades de manufatores, comerciantes ou mercadores: eram, na sua origem e princípios, agregados urbanos de proprietários de terras. O seu rendimento provinha do trigo, do zeite e do vinho, os três grandes artigos básicos do Mundo Antigo, em propriedades e quintas fora do perímetro físico da cidade propriamente dita. Dentro dela, as manufaturas são poucas e rudimentares: o normal das mercadorias das cidades nunca foi muito além dos têxteis, olaria, mobiliário e vidros”. Quando Constantino no século IV (Zósimo, Orat., 2.38.2) estabeleceu pela primeira vez um imposto – collation lustrallis(lustrallis em referência ao fato de ser pagao a cada cinco anos), ou crisárgiro - chrysargyron, a serem pagos pelo comércio das cidades, a sua arrecadação totalizava menos de cinco por cento do arrecadado pelo imposto rural, ou capitatio rural criado por Diocleciano. [7] De acordo com Suetónio em Vida dos doze césares, tal imposto remonta ao reinado de Calígula. [8] O imposto foi abolido em 498 por Anastacio mediante un edito que foi publicado em todas as cidades do Imperio Romano do Oriente. A abolição do imposto por Anastácio, contudo, não teve impacto no Ocidente onde os reis godos continuarão com a cobrança. Justiniano (Apêndice, VII, 18), ao reconquistar a Sicília na península itálica, manterá a cobrança do imposto, então com o nome de aurariae que há décadas que não vigia em Constantinopla. Arnold Jones em sua obra The Later Roman Empire, 284–602: A Social, Economic and Administrative Survey (1964) estima que este imposto represnetva cerca de cinco por cento dos ingressos fiscais com base nos dados da cidade de Edessa, importante centro comercial da época.[9]
[1] DUNAN, Marcel; BOWLE, John. Larousse encyclopedia of ancient & medieval history, Paris:Larousse, 1963, p.109
[2] TOYNBEE, Arnold. A humanidade e a mãe terra, Rio de Janeiro:Zahar, 1976, p.226, 249; TOYNBEE, Arnold. Helenismo: história de uma civilização, Rio de Janeiro: Zahar, 1963, p. 77
[3] KITTO, Humphrey Davey Findley. Os gregos. Coimbra:Armenio Amado, 1970, p. 167
[4]TOYNBEE, Arnold. Helenismo: história de uma civilização, Rio de Janeiro: Zahar, 1963, p. 78
[5] CORNELL, Tim; MATTHEWS, John. Roma: legado de um império, v. I, Lisboa:Edições del Prado, 1996, p. 56
[6]TOYNBEE, Arnold. Helenismo: história de uma civilização, Rio de Janeiro: Zahar, 1963, p. 79
[7]ANDERSON, Perry. Passagens da antiguidade ao feudalismo, Porto: Afrontamento, 1982, p. 18
[9]NOUGUÉS, José Maria. Acerca del impuesto de la Collation Lustralis, Madrid, Revista General de Derecho Romano 16 (2011) https://www.iustel.com/v2/revistas/detalle_revista.asp?
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