sexta-feira, 3 de julho de 2020

Imago Mundi de Pierre dAilly

Cristóvão Colombo teve acesso ao livro Imago mundi do bispo de Cambrai Pierre d’Ailly escrito em 1410 durante o domínio do antipapa Benedito XIV. Neste livro é adotada uma medida da circunferência terrestre ainda menor que a adotada por Ptolomeu, o que fez o navegador acreditar que a chegada às Índias pelo Ocidente através do mar seria um empreendimento viável[1]. Segundo o Imago mundi: “é evidente que este mar [da Espanha à Índia indo pelo ocidente] é navegável em muito poucos dias se o vento for bom”.[2]No Tableau du Monde de Pierre d’Ailly escrito em 1410 são citados trechos de Aristóteles, Sêneca e Plínio que falam da possibilidade de navegação entre a costa oeste da Espanha e a Arábia e Índia. O trechi de Imado Mundi de Pierre d´Ailly que diz que o oceano entre o oeste da Europa e o leste da Ásia não poderia ser tão extenso e bravio, foi copiado quase que literalmente trecho da obra Opus Majus escrita em 1269 por Roger Bacon. No Opus majus, Bacon afirmou a possibilidade de viajar por mar da Espanha para a Índia. No século XIII dois navegadores genoveses, os irmãos Vivaldi, zarparam de Gênova para atingir a Índia pelo oceano.[3] Humboldt afirma que o livro de Pierre d’Aillly que cita esta passagem de Roger Bacon foi mais importante para convencer os reis Fernando e Isabel em financiar sua expedição à América do que as cartas de Toscanelli, embora Thornlike conteste que Colombo tenha lido este documento antes de sua viagem.[4] Daniel Boorstin relata que Colombo chegou a escrever à margem na sua cópia do Imago Mundi mencionando que estava presente quando Bartolomeu Dias se apresentou ao soberano português para anunciar o suscesso ao contornar a África.[5] Jospeh Hoffner, contudo atribui como certo que Colombo tinha conhecimento do mapa de Toscanellli[6]. Em uma carta de 1474 Toscanelli descreve que “É certo que muitos outros falaram do caminho mais curto que há daqui até as índias, onde existem as especiarias, pelo mar, mais curto que a via pela Guiné”.[7]
[1] COSTA, José Silveira da. A escolástica crsitã medieval, Rio de Janeiro, 1999, p.162
[2] BOORSTIN, Daniel. Os descobridores, Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 1989, p.218; RESTON,James. Os cães do Senhor. São Paulo: Record, 2008, p. 141
[3] GIMPEL, Jean. A revolução industrial da Idade Média, Rio de Janeiro:Zahar, 1977, p.167
[4] GILLISPIE, Charles. Dicionário de biografias científicas, Rio de Janeiro:Contraponto, 2007, p. 188
[5] BOORSTIN, Daniel. Os descobridores, Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 1989, p.167
[6] HOFFNER, Joseph. Colonialismo e evangelho, São Paulo:USP, 1973, p.145
[7] RESTON,James. Os cães do Senhor. São Paulo: Record, 2008, p. 140

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Doação de Constantino

  Marc Bloch observa a ocorrência de falsificações piedosas tais como a pseudo doação de Constantino ( Constitutum Donatio Constantini ) ao ...