Para Robert Fossier: “ainda que, normalmente eu rejeite o uso da palavra Renascimento, que lança um injusto opóbrio sobre os tempos anteriores, e preciso convir que o retorno do grego provocou um profundo choque, e mesmo para além dos limites do pequeno círculo de humanistas profissionais”.[1] Para José Silveira da Costa: “deve ser definitivamente ser descartada a interpretação do Renascimento como antítese absoluta à Idade Média em geral e à Escolástica em particular. Apesar da euforia inicial com que foi celebrada o que parecia ser a verdadeira libertação das forças criativas do espírito humano, ainda estavam muito próximas as fontes que haviam preservado e garantido esse mesmo potencial”. Nesse sentido José Silveira da Costa analisa o Renascimento como um movimento de continuidade ao invés de ruptura com o passado: “mais do que contrapô-lo, convém considerar o Renascimento e a Idade Média com duas épocas distintas, mas ligadas entre si por relações profundas, principalmente nos aspectos religiosos e filosóficos”.[2] Frances Yates mostra que o Renascimento busca a sabedoria dos antigos: “a história do homem não representa uma evolução da primitiva origem animal para a complexidade e progresso, sempre crescentes; o passado era sempre melhor que o presente e o progresso era a revivescência, o renascimento da Antiguidade. O humanista clássico recuperava a literatura e os monumentos da Antiguidade Clássica com os sentimentos de retornar ao ouro puro de uma civilização melhor e mais elevada que a sua”.[3] Para Daniel Boorstin “desde o Renascimento, entusiastas europeus da ciencia tinham fomentado uma ideia de progresso”. [4]
[1] FOSSIER, Robert. As pessoas da idade média, Rio de Janeiro: Vozes, 2018, p. 270
[2] COSTA, José Silveira da. A escolástica cristã medieval, Rio de Janeiro, 1999, p.190
[3] YATES, Frances. Giordano Bruno e a tradição hermética, São Paulo:Cultrix, 1995, p. 13
[4] BOORSTIN, Daniel. Os descobridores, Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 1989, p.580
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