terça-feira, 2 de junho de 2020

Newton v. Leibiniz



Thomas Merton observa que com a disseminação do artigo científico em revistas especializadas diminuiu consideravelmente o número de casos de disputas de autoria de descobertas científicas. Thomas Merton cita os números de 72% no século XVIII, 59% na segunda metade do século XIX e 33% na primeira metade do século XX.[1]Para Thomas Merton as disputas de contemporâneos em torno de quem foi o primeiro inventor ou descobridor de uma nova teoria surge apenas no século XVI.[2]Uma grande controvérsia em torno da descoberta do cálculo infinitesimal e integral foi estabelecida no século XVII entre Newton e Leibniz. Newton descobriu o cálculo em 1665, porém suas primeiras publicações sobre o assunto viriam a ocorrer em 1704 como um apêndice do livro Óptica. Em sua grande obra Principia publicada em 1687 utilizou de argumentos geométricos, uma forma de manter a obra acessível à matemática da época, garantir a continuidade da tradição geométrica clássica e dar uma referência objetiva aos procedimentos e conceitos usados. [3]O próprio Newton em 1699 enviou à Royal Society uma comunicação acusando Leibinz de plágio. Uma Comissão da Royal Society publicou um relatório final em 1712 em favor de Isaac Newton quando ele era presidente da Royal Society tendo sido todos os membros da dita comissão escolhidos pelo próprio Newton. Toda a disputa teve início não para determinação da prioridade da descoberta mas por por uma queixa de Leibinz que teria sido insultado por outro membro John Keill que o acuara de ter plagiado Newton. Embora encarregada de avaliar a questão do decoro de Keill, a Comissão acabou avalou também a questão da prioridade. A Comissão concluiu que Leibinz teve acesso a uma carta escrita por Newton a John Collins em que explicava o método dos fluxões. Somente em 1852 Augustus de Morgan mostrou que Leibinz nunca tivera acesso a tal documento. A controvérsia levou os britânicos a negligenciar por muito tempo os avanços na matemática no Continente em prejuízo próprio. [4]Daniel Boorstin relata que após a sórdida campanha empreendida por Newton contra Leibniz restou a este a vitória póstuma de ver a sua nomenclatura dx, dy e o s longo para as integrais , assim como a designação de “cálculo integral” serem a nomenclatura que acabou sendo adotada universalmente.[5]
[1] HELLMAN, Hal. Grandes debates da ciência: dez das maiores contendas de todos os tempos. São Paulo:Unesp, 1999, p.65
[2] LONG, Pamela. Invention, Authorship, Intellectual Property, and the Origin of Patents: Notes toward a Conceptual History, Technology and Culture, v.32, n.4, Special Issue: Patents and invention, october 1991, p.883
[3] Scientific American Brasil, Gênios da Ciência, v.7. Newton: o pai da física moderna, 2013, p. 45
[4] EVES, Howard. Introdução à história da matemática, Campina:Ed. Unicamp, 2004, p.444
[5] BOORSTIN, Daniel. Os descobridores, Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 1989, p.379

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