sexta-feira, 12 de junho de 2020

Impacto inicial da imprensa de Gutenberg

Foi apenas em 1470 que os tipógrafos passaram a difundir a invenção para além das fronteiras da Alemanha. Apenas algumas tipografias fora da Alemanha existiam nesta época inicial como a de Veneza onde Jean Spire/ Johann von Speyer[1] se estabeleceu em 1469, e em Paris onde Ulrich Gering de Constance se estabeleceu em 1470 numa oficina perto de Sorbonne. [2]O editor Erhard Ratdolt publicou em 1482 uma edição de Elementos de Geometria de Euclides com recurso de desenhos e fórmulas matemtáticas. O livro ilustrado mais antigo o Edelstein foi impresso em Bamberg em 1464.[3] Michel de Toulouse publicou em 1496 L’Art et Instruction de bien dancer com representação de notações musicais.[4]Os primeiros livros impressos antes de 1500 eram conhecidos como incunábula (relacionado ao berço) [5]estimados em algo em torno de 30 mil livros, a grande maioria com aparência de manuscritos.[6] Não por outro motivo o século XVI foi marcado pela difusão da imprensa como a do grande desenvolvimento dos manuais de caligrafia. Na Espanha a imprensa foi instalada em Castela em 1472 e em Aragão em 1473 com apoio dos monarcas Isabela e Aragão que pessoalmente convidaram editores livreiros alemães a se instalarem na Espanha outorgando-lhes privilégios especiais. A novela popular Prisão de Amor de Diego de São Pedro foi impressa em 1492 em castelhano com traduções para o catalão, italiano, francês e alemão.[7]Em 1488 “O Sacramental”, do padre espanhol Clemente Sánchez de VercialIan é considerado o primeiro livro impresso em Portugal na cidade de Chaves[8]. Mortimer, contudo, considera reduzido o impacto da imprensa antes de 1500 pelo fato das cópias serem tão caras quanto o preço dos manuscritos de ótima qualidade e pelo fato de que a maioria das pessoas era analfabeta.[9]Em 1481 quando já haviam oito versões impressas da História Natural de Plínio, Pico de Mirandolla preferir encomendar uma versão manuscrita por ser mais barata.[10]Foi somente no século XVI com a produção das primeiras versões da Bíblia nos idiomas nacionais e o estímulo à leitura que disso decorreu é que a produção de livros impressos se difundiu.[11]
[1] CRUZ, Murillo. A norma do novo, Rio de Janeiro:Lumen, 2018, p.250
[2] VERGER, Jacques. Homens e saber na idade média, Bauru:EDUSC, 1999, p. 123
[3] MATTHEW, Donald. A Europa Medieval, v.II. Lisboa :Ed. del Prado, 1996, p.218
[4]PHILLIPS, Ellen, Viagens de descobrimento 1400-1500, Rio de Janeiro:Time Life, 1991, p.118
[5] GAARDER, Jostein. O mundo de Sofia, São Paulo: Cia das Letras, 1995, p. 216
[6] MANGUEL, Alberto. Uma história da leitura, São Paulo: Cia das Letras, 1997, p. 159
[7] CORNELL, Tim; MATHEWS, John. Renascimento v.II ,Grandes Impérios e Civilizações, Lisboa:Ed. Del Prado, 1997, p. 189
[9] MORTIMER, Ian. Séculos de transformações. Rio de Janeiro:DIFEL, 2018, p. 160
[10] BOORSTIN, Daniel. Os descobridores, Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 1989, p.467
[11] MORTIMER, Ian. Séculos de transformações. Rio de Janeiro:DIFEL, 2018, p. 167

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