quinta-feira, 11 de junho de 2020

Gobekli Tepe

Em Gobekli Tepe na Turquia foram encontrados estelas monumentais de cerca de 5 metros de altura que datam de 9500 a.c[1]. Os pilares apresentam animais esculpidos: raposas, leões, gado bovino, javalis selvagens, burros selvagens, garças-reais, patos, escorpiões, formigas, aranhas, muitas serpentes e poucas figuras antropomórficas[2]. Maurício Righi conclui que as escavações em Gobekli Tepe mostram uma arquitetura revestida de um simbolismo ritual e místico e que requer técnicas de gravação em pedra, erguimento de pedras, construção de colunas de sustentação que implicam em um grau de integração e organização sociais muito além do que se esperava de uma sociedade baseada em caçadores coletores de 12 mil a.c: “Gobekli Tepe evoca o mesmo ambiente numinoso que domina os recessos de certas cavernas do paleolítico franco cantabriano, embora com a diferença de haver, no caso do sítio neolítico, uma visível elevação do humano para o centro das referências símbolos rituais, e num contexto em que a arte e a ciência da construção ganhavam terreno e se sofisticavam”. [3]Esta maior elaboração mística é acompanhada de um desenvolvimento das técnicas para expressar tal desenvolvimento, com uma maior especialização das funções, o que se manifesta, por exemplo, nas cerâmicas intensamente decoradas em desenhos complexos no “Crescente Fértil” por volta de 6500 a.c.[4]. Gobekli Tepe é um local de culto de povos caçadores coletores, sem evidências de recursos hídricos, casas ou fogões e mostra que a espiritualidade humana não foi decorrente de um estilo de vida assentado de uma sociedade agrária.[5]
[1] HARARI, Yuval. Sapiens: Uma breve história da humanidade, Porto Alegre, L&PM, 201, p.31, 100
[3] RIGHI, Mauricio. Pré História & História, São Paulo:É Realizações, 2017, p. 60
[4] RIGHI, Mauricio. Pré História & História, São Paulo:É Realizações, 2017, p. 67
[5] MLODINOW, Leonard. De primatas a astronautas, Rio de Janeiro: Zahar, 2015, p.42

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