segunda-feira, 8 de junho de 2020

Ábaco romano

Na matemática grega havia nítida distinção entre a arte de calcular (logística) e a ciência dos números (aritmética) sendo apenas esta última considerada digna dos filósofos, por isso a matemática na Grécia se reduz em grande parte à geometria trazida por Tales, segundo a Suma de Proclo escrita por Eudemo, com base em conhecimentos adquiridos no Egito[1]. Um baixo relevo romano do século I mostra um jovem calculator efetuando cálculos com uso de um ábaco romano.[2] Os ácos mais primitivos eram formados por ranhuras por onde corriam pequenos seixos (calculi) para baixo e para cima sendo posteriormente substituído por varinhas pequenasguiadas por arruelas, onde a varinha mais á esquerda representava as unidades seguida das dezenas, e assim sucessivamente. Políbio (210-128 a.c.) se referia aos ábacos: “aqueles que vivem na corte dos reis são exatamente como fichas na tábua de contar. É a vontade do calculador que lhes confere o valor de um khalkos ou de um talento”.[3] Segundo Proclo o objetivo da aritmética grega “era completamente diverso da finalidade do calculador comum, e era natural que o filósofo, buscando nos números o plano de acordo com o qual trabalha o Criador, começasse a olhar com desprezo o mercador que só desejava saber quantas sardinhas, a 10 por um óbolo, podia comprar com um talento”.[4] Para Proclo “Todas as espécies matemáticas têm uma subsistência primária na alma. De modo que, antes de números perceptíveis, há que se encontrar nos seus recessos mais secretos números com movimento próprio, proporções ideias de harmonia anteriores a sons concordantes, e orbes invisíveis antes dos corpos que se movimentam num círculo [...] Temos de seguir a doutrina do Timeu de Platão que vai buscar a origem a formas matemáticas, nelas consuma o tecido da alma, e baseia na natureza dela as causas de tudo o quanto existe”.[5]
[1] SEDGWICK, W.; TYLER, H; BIGELOW, R. História da ciência: desde a remota antiguidade até o alvorescer do século XX, Rio de Janeiro:Ed. Globo, 1952, p.37
[2] IFRAH, Georges. Os números: a história de uma grande invenção. Rio de Janeiro: Globo, 1989, p. 121
[3] IFRAH, Georges. Os números: a história de uma grande invenção. Rio de Janeiro: Globo, 1989, p. 119
[4] SEDGWICK, W.; TYLER, H; BIGELOW, R. História da ciência: desde a remota antiguidade até o alvorescer do século XX, Rio de Janeiro:Ed. Globo, 1952, p.43
[5] BOORSTIN, Daniel. Os descobridores, Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 1989, p.278

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