sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

Astronomia na Babilônia

 

 Os escritos astrológicos babilônios misturam profecias e observações astronômicas. Segundo the Reports of the magicians and astrologers of Nineveh and Babylon in the British Museum de Reginald Thompson publicado em 1900 alguns dos augúrios previam que quando “Júpiter ficar na frente de marte haverá milho e os homens serão mortos ou um grande exército será morto”, “quando a lua montar numa carruagem o domínio do rei da Acádia será próspero”, “quando Mercúrio culminar em Tamnuz haverá cadáveres”, “quando Júpiter se encontrar com Vênus as preces chegarão ao coração dos deuses”.[1] David Lindberg mostra que na Babilônia a astronomia computacional baseada na análise matemática do movimento dos astros precedeu a astronomia divinatória baseada algo que se desenvolveu a partir do século V a.c. [2] Segundo Otto Neugebauer um dos mais antigos horóscopos babilônicos encontrado data de 409 a.c. Para Otto Neugebauer: “o papel da astronomia é talvez único, na medida em que seu desenvolvimento lento, mas firme, criou as bases para o mais decisivo passo da história humana: a criação das modernas ciências exatas”.[3] Para Daniel Boorstin: “O desenvolvimento  da ciência dependeria da disposição do homem para acreditar no improvável, para passar por cima dos ditames do senso comum. Com a astrologia o homem deu seu primeiro grande passo científico para um esquema que descrevesse como forças invisíveis provenientes da maior distância imaginável, do próprio fundo dos céus, moldavam os triviais acontecimentos quotidianos. O ceu foi, pois, o laboratório da primeira ciência da humanidade”[4]. A pedra Kudurru usada demarcação de fronteiras de Melichipac II, rei da Babilônia[5], serve como inscrição legal da posse de um determinado de terra a um súdito. Na cerimônia aparecem os astros deus sol Shamash (o disco solar) representado por um círculo dentro do qual estão quatro raios de luz alternando com quatro correntes de água, deus lua Sin representado por um crescente como de costume e a deusa da fertilidade Ishtar representada pela estrela de oito pontas.

[1] WEST, John Anthony. Em defesa da astrologia, São Paulo:Siciliano, 1992, p. 64 https://warburg.sas.ac.uk/pdf/FAH10b2344403v2.pdf

[2] Lindberg, David C.. The Beginnings of Western Science. University of Chicago Press. Edição do Kindle.2007, p.16

[3] NEUGEBAUER, Otto. The exact sciences in antiquity, p.177

[4] BOORSTIN, Daniel. Os descobridores, Rio de Janeiro: Civilizaçao Brasileira, 1989, p. 30

[5] CROUZET, Maurice. História Geral das Civilizações: O Oriente e a Grécia Antiga: as civilizações imperiais, v. I, Rio de Janeiro:Bertrand Brasil, 1998, p. 257; HANDCOCK, Percy. Mesopotamian Archaeology. An introduction to the archaeology of Mesopotamia and Assyria, 1912, https://www.gutenberg.org/files/45229/45229-h/45229-h.htm



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