domingo, 31 de outubro de 2021

Os jesuítas e os saberes indígenas

 

Enrique Baran destaca que os jesuítas lançaram as bases dos conhecimentos científicos em geografia, etnologia e ciências naturais de modo que sua expulsão das colônias espanholas retardaram significativamente o desenvolvimento das ciências nas Américas. O médico argentino Pedro Arata (1849-1922), o naturalista e botânico suíço Moisés Bertoni (1857-1929) e os padres jesuítas Carlos Leonhardt e Guillermo Furlong (1889-1974) destacam a contribuição da Companhia de Jesus para o conhecimento médico nas Américas.[1] Pedro Arata destaca o papel do padre jesuíta Bernabé Cobo (1582-1657) em medicina. Moisés Bertoni em A medicina guarani em que descreve os avanços da medicina dos guaranis e do acerto dos jesuítas terem adotado tais conhecimentos ao invés dos conhecimentos então em vigor na Europa, tendo exercido um importante papel na transmissão de tais conhecimento principalmente por meios dos padres jesuítas Segismund Asperger e Pedro Montenegro. O jesuíta Leonhardt teve um papel importante nesse mesmo diante da norma expedida pelo papa Gregório XIII em 1575 que deixava claro que os missionários não deveriam ser dedicar a tais atividades de medicina salvo excepcionalmente “quando exigia a caridade ou a necessidade”. O jesuíta Guillermo Furlong (1889-1974) se dedicou-se a evidenciar a influência dos jesuítas no desenvolvimento das ciência da América Platina. Segundo Eliane Fleck: “Como se pode constatar, as posições assumidas por Arata, Bertoni, Leonhardt e Furlong na última década do século XIX e na primeira década do século XX anteciparam as mais recentes reflexões tanto sobre as inovações introduzidas pela ordem jesuíta no campo da ciência moderna desde o século XVII quanto sobre a contribuição que os indígenas, em especial os saberes que possuíam sobre a farmacopeia americana, aportaram para o conhecimento médico, farmacêutico e botânico que os missionários da Companhia de Jesus fizeram circular nos continentes em que atuaram”[2]


[1] FLECK, Eliane. A abordagem historiográfica dos séculos XIX e XX sobre a atuação de médicos e boticários jesuítas na América platina no século XVIII, Hist. cienc. saude-Manguinhos 21 (2) apr-jun 2014 https://doi.org/10.1590/S0104-59702014000200011

[2] FLECK, Eliane. O legado da Companhia de Jesus para aimplantação de uma cultura científica na América Platina. In: BRASIL, Jesuítas. Bicentenário da restauração da Companhia de Jesus (1814-2014), São Paulo: Loyola, 2014, p.58



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