Heródoto descreveu os construtores de pirâmides como
escravos. David Silverman, contudo, observa que esta informação possa ter sido
obtida por Heródoto por alguma fonte não confiável. Heródoto também alega, sem
qualquer apoio, que o faraó Quéops forçou sua filha à prostituição, a fim de
arrecadar fundos para seu projeto de construção da Grande Pirâmide. A jovem
exigia um bloco extra de pedra de cada um de seus clientes, para construir sua
própria pirâmide. David Silverman, contudo, observa que segundo o registro
arqueológico não existe pirâmide para nenhuma das várias filhas de Quéops. A
tumba de sua neta, por exemplo, Meresankh III, que recebera a designação de
rainha, assumiu a forma de uma mastaba tradicional.[1] Hubert
de Novion destaca que o trabalho das pirâmides não era obra de escravos: “na realidade Sakarah é antes obra de
trabalhadores compenetrados da importância da sua missão, talvez mesmo o ato de
fé coletivo de um povo para com o faraó que encarnava a comunidade”.[2] Kurt
Mendelssohn da mesma forma não acredita na construção por escravos e contesta o
relato de Heródoto que se refere a construção como resultado da “tirania de Quéops”.[3] Arnold
Toynbee destaca que o trabalho coercitivo dificilmente teria sido eficaz na
construção dos grandes monumentos do Egito, haveria de ter um significado
religioso capaz de mobilizar os trabalhadores[4]. A tumba do arquiteto Nekhebu exalta como virtude o fato dele nunca ter batido em um
trabalhador a ponto de derrubá-lo, o que sugere o uso de força[5]. Kurt
Lange observa que os blocos de granito inacabado de um tempo inacabado da
pirâmide de Miquerinos mostram a presença de pequenas almofadas para proteger
as arestas dos blocos de pedra durante o transporte, um preciosismo que
dificilmente pode se conciliar com um trabalho realizado por meio da violência:
‘Não testemunham, pelo contrário, um
desejo vigilante de perfeição, uma vontade livre e ambiciosa, até mesmo, um
entusiasmo religioso ? “[6] A maior
parte dos pesquisadores concorda que a escravidão não era uma componente
importante da sociedade egípcia mesmo em uma época tardia já no Novo Império.[7]
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