segunda-feira, 2 de agosto de 2021

A Lei das XII Tábuas e a propriedade intelectual

 

A lei das Doze Tábuas codificada por volta de 450 a.c., sob o período de República romana, embora não se constituísse um código sistemático no sentido moderno[1], compôs a base do direito civil romano[2], fundamento do ius civile e considerada em vigor até a época de Justiniano.[3] O texto original se perdeu sendo recuperado por meio de citações de Cícero e Aulo Gélio. Mary Beard mostra que a Lei das Doze Tábuas nunca teve a intenção de ser um código abrangente.[4] O sistema legal romano tinha pouco impacto para os que ficavam abaixo da elite, sendo um instrumento pouco útil para solução de seus problemas, os processos legais eram vistos pela camada pobre como uma ameaçaa ser temida do que propriamente uma proteção.[5] Segundo Tito Lívio tais leis constituíam a fonte de todo o direito público e privado: fons omnis publici privatique iuris.[6] O livro VI trata do direito de propriedade[7]. Pelo direito romano valia máxima ius uolentes ducit et nolentes trahito direito conduz os que querem e arrasta os que não querem.[8] Nuno Carvalho observa que a Lei das XII Tábuas (Lex duodecim tabularum ou lex decemviralis)[9] previa na norma 4 “quando um comerciante enganar o seu cliente, que ele seja amaldiçoado” que poderia remeter ao conceito de propriedade intelectual.



[1] CORNELL, Tim; MATTHEWS, John. Roma: legado de um império, v. I, Lisboa:Edições del Prado, 1996, p. 27

[2] BLOCH, Leon. Lutas sociais na Roma Antiga, Lisboa:Pub. Europa America, 1956, p.65

[3] GILISSEN, John. Introdução histórica ao direito, Lisboa:Fundação Calouste Gulbenkian, 1986, p. 86

[4] BEARD, Mary. SPQR: uma história da Roma Antiga, São Paulo: Planeta, 2010, p. 141

[5] BEARD, Mary. SPQR: uma história da Roma Antiga, São Paulo: Planeta, 2010, p. 457

[6] GIORDANI, Mario Curtis. História de Roma, Rio de Janeiro:Vozes, 1981, p. 34

[7] BARRETO, Elias. Enciclopédia das grandes invenções e descobertas. São Paulo:Cascino Editores, 1971, p.34

[8] FUNARI, Pedro. Grécia e Roma, São Paulo:Contexto, 2004, p.119

[9] GIORDANI, Mario Curtis. História de Roma, Rio de Janeiro:Vozes, 1981, p. 258



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