Os laços históricos entre Portugal e Inglaterra, datam do século XII quando da expulsão dos mouros islâmicos e a conquista de Lisboa em 1147 com o apoio de cruzados ingleses e flamengos.[1] Segundo cronista árabe da época, Afonso Henriques no mesmo ano tomou aos mouros Santarém no Ribatejo, próximo a Lisboa, com ataques noturnos degolando seus inimigos enquanto dormiam ”como um um chefe de bandidos [...] tal foi o modo porque este inimigo de Deus tomou a maior parte dos castelos das províncias de Belatha / Balata e Al-Kazer / Al-Kassr / Alcácer do Sal”[2] o que leva Oliveira Martins à concluir por uma conquista “quasi per latrocinium” de castelos isolados, ainda que tal forma de conquista fosse demasiado insuficiente para conquistar o sistema de fortalezas muçulmanas. Segundo Antonio Baião, Santarém era no segundo quartel do século XII o mais forte reduto sarraceno da margem direita do Tejo.[3] Para conquista de Lisboa Afonso Henriques irá contar com o suporte dos ingleses. Segundo Antonio Baião: “A rendição de Lisboa mourisca em 1147 teve alta retumbância europeia, não só pela larga comparticipação de povos nórdicos nesse feito guerreiro, como pela fama de sua riqueza e quási inexpugnabilidade. A preciosa cooperação dos cruzados teve como conseqüência imediata o estabelecimento de fortes e duradouros vínculos entre a nação e essa gente de além Pirenéus”.[4] Segundo Antonio Baião: “É certo, contudo, que nas guerras da reconquista cristã, caracterizadamente guerras de destruição, mas quais se talavam os campos, se incendiavam as povoações e se espalhava a desolação e a morte na zona que constituía as flutuantes fronteiras entre cristãos e árabes, o êxito era mais devido ao valor individual, ao ardil e à agilidade dos cavaleiros, do que a uma eficaz acção tactica de conjunto, que quási não existia. E assim poderia afirmar-se que a política militar dos primeiros tempos da monarquia, de que resultou a consolidação do novo reino de Portugal, foi principalmente fundamentada nas qualidades combativas dos portugueses e no seu fervoroso patriotismo, virtudes estas postas dedicadamente ao serviço duma organização social que, como vimos, pode bem considerar-se a precursora remota da nação armada, que veio a generalizar-se como a fórmula militar mais eficiente dos tempos modernos”.[5]
[1] BASCHET, Jérôme. A
civilização feudal: do ano mil à colonização da América, São Paulo:Globo, 2006,
p.91
[2] MARTINS, Oliveira.
História de Portugal, Lisboa:Versial, 2010, p. 65, Edições Kindle
[3] BAIÃO, Antonio. História da expansão portuguesa no mundo. Lisboa:Editorial, Atica,
1937, p.48
[4] BAIÃO, Antonio. História da expansão portuguesa no mundo. Lisboa:Editorial, Atica,
1937, p.53
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