As primeiras descobertas em
Altamira em 1878 foram recebidas ceticamente pela comunidade científica devido
a qualidade da técnica de desenho e pelo fato de serem pintadas em locais sem
iluminação o que exigiria uma fonte de luz especial que não deixasse fuligem
nas pinturas[1].
Os bisões, cavalos e javalis policromados da caverna de Altamira foram pintados
em tamanho natural numa extensão de mais de 14 metros de comprimento. Os
materiais de pintura em pigmentos amarelo (carbonato de ferro), vermelho (óxido
de ferro), azul (óxido de manganês) e preto (ossos carbonizados)[2] foram obtidos de minerais
alguns dos quais encontrados a 48 km de distância das cavernas.[3] Marcelino de Sautuola que
descobrira a caverna em 1869 mas ainda não reconhecera as pinturas rupestres
voltou a caverna em 1878 para tentar identificar alguns instrumentos do homem
pré histórico após ter visitado artefatos semelhantes expostos na Exposição
Mundial de Paris. Em suas buscas sua filha Maria Sautuola percorrendo lugares
onde Marcelino não podia ficar de pé e encontrou as pinturas.[4] As pinturas davam a
impressão de serem frescas e recentes de modo que a tinta graxosa, aderia aos
dedos. O isolamento da caverna e uma leve camada de cal permanentemente úmida
que cobria as paredes como uma pátina contribui para a preservação. Reunidos em
um congresso em Lisboa em 1879 com a presença de pesquisadores como Rudolf
Virchow, John Lubbock e Sigrid Undset a descoberta acabou sendo desconsiderada
como pinturas recentes dada a qualidade dos desenhos. Emile Cartailhac que
inicialmente considerou tratarem-se de falsificações[5] anos mais tarde comparou
as pinturas às obras do impressionismo francês cético de sua antiguidade quando
escreveu Mea Culpa d’um Sceptique e
1902. Somente quando novas descobertas
de arte rupestre em grutas da França foram encontradas e com a opinião
favorável do padre francês Henri Breuil, as pinturas de Altamira foram
consideradas legítimas. Até então se conhecia apenas fósseis do homem de
neandertal o qual não se acreditava que pudesse ser o autor de tais pinturas
devido a seus traços rudes. Em 1903, vinte e três anos depois do Congresso de
Lisboa publicamente fez um pedido de desculpas a Maria de Sautuola.[6] Em 1909 a descoberta dos
primeiros fósseis do homem de Aurignac, alto e esbelto, seria um candidato mais
provável para autoria de tais pinturas.[7] Nas cavernas de La Mouthe
em 1889 na França foram encontrados um tipo de lâmpada cavada na pedra
alimentada por gordura animal[8] que era utilizada pelos
homens pré históricos para iluminar o fundo das cavernas.[9]
[1] SKLENAR, Karel. La vie
dans la préhistoire, Praga:Grund, 1991, p.100
[2] LOON, Hendrick van. As artes. Porto Alegre:Edição da Livraria do Globo, 1941,
p. 34
[3] LEWIS, Brenda. Great civilizations, Parragon:London, 1999, p.289
[4] LEAKEY, Richard. A
evolução da humanidade, Brasília: UNB, 1981, p. 167; EPSTEIN, Sam, O home das
cavernas, Rio de Janeiro:Record,1964, p. 93
[5] BOORSTIN, Daniel. Os
criadores, Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 1995, p.192
[6] WENDT, Herbert. A
procura de Adão. São Paulo:Melhoramentos, 1965, p. 260
[7] HERRMANN, Paul. As
primeiras conquistas. São Paulo:Boa Leitura Editora, 3ª edição, p. 20
[8] SKLENAR, Karel. La vie
dans la préhistoire, Praga:Grund, 1991, p.48
[9] SENET, André. O homem
descobre seus antepassados, Belo Horizonte:Itatiaia, 1964, p.76, 86; BRISSAUD,
Jean Marc. As civilizações pré-históricas. Rio de Janeiro:Ed. Ferni, 1978,
p.180
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