sábado, 20 de março de 2021

Roma e a terra redonda

 

Os grandes enciclopedistas do período romano Plínio o Velho (c. 79), Macróbio (c. 400) e Martianus Capella (c. 420) seguiam a cosmologia das esferas da Grécia tal como exposta por Platão no Timeu e em Sobre os ceus de Aristóteles, pela qual a esfera terrestre ocupa o centro do universo. No capítulo 64 de História Natural, Plínio o Velho descreve “Todos concordam que a terra tem a forma da figura mais perfeita. Sempre falamos da esfera da terra, e admitimos que seja um globo delimitado por pólos. Isto não tem de fato a forma de uma esfera absoluta, tendo em vista o número de montanhas elevadas e planícies; mas se a terminação das linhas seja delimitada por uma curva, isso seria compor uma esfera perfeita. E isso nós aprendemos argumentos extraídos da natureza das coisas, embora não a partir das mesmas considerações que usamos com respeito aos céus. Pois nestes a convexidade oca em todos os lugares se inclina sobre si mesmo e se apóia na Terra como seu Centro. Considerando que a terra se eleva sólida e densa, como algo que incha e se projeta para fora os céus se curvam em direção ao centro, enquanto a terra vai de o centro, o contínuo rolar dos céus sobre ele forçando seu imenso globo na forma de uma esfera”.[1] A colossal estátua no Palazzo Spada em Roma, diante da qual Julio Cesar foi assassinado, mostra Pompeu como conquistador do mundo representado por um globo [2].

[1] Sparavigna, Amelia Carolina, From Rome to the Antipodes: The Medieval Form of the World (September 10, 2013). International Journal of Literature and Arts, 2013, 1(2), 16-25 , https://ssrn.com/abstract=2757694

[2] BEARD, Mary. SPQR: uma história da Roma Antiga, São Paulo: Planeta, 2010, p. 211



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