No julgamento final
presidido por Osíris, havia a pesagem do coração do morto enquanto a harmonia,
a justiça, a ordem e a verdade ocupavam o outro braço da balança representada
pela deusa Maat ou o seu símbolo, uma pena [1] conforme mostra o papiro do escriba Ani da XIX dinastia [2].
A pesagem é confiada a Hórus e a Anúbis guardião das múmias com cabeça de
chacal. O deus Thoth, o escriba dos deuses, de cabeça de íbis anota o
resultado. Quarenta e dois juízes correspondente ao número de províncias do
Egito assistem ao julgamento. Segundo Paul Johnson: “Maat também era a forma de justiça concedida a um homem quando morria e
aparecia ao julgamento final: sua alma, então, era pesada em uma balança com o
contrapeso de maat” [3]. Diante deste tribunal o candidato a eternidade
declara suas ações: “Salve ó grande Deus,
senhor das duas verdades. Eu te conheço e conheço os nomes dos quarenta e dois
deuses que te cercam neste tribunal de justiça. Vê, vim a ti para te trazer a
verdade e apagar o pecado. Jamais pequei contra os homens. Não fiz mal a ninguém. Jamais atentei contra
o trono da verdade. Nenhum mal cometi. Nada fiz que mereça abominação do deus.
Jamais caluniei um servidor junto a seu senhor. Não fiz ninguém sofrer fome.
Jamais fiz lágrimas correrem. Não matei. Nunca mandei matar. Nunca nada fiz de
mal a homem algum. Nunca diminuí os repastos sacrificiais nos tempos. nunca
deitei a mão aos pais sagrados dos deuses. Nunca roubei os bolos dos bens
aventurados. Jamais tive relações sexuais proibidas. Nunca me entreguei a
orgias antinaturais. Nunca aumentei ou diminuí as medidas dos grãos. Nunca
diminuí as medidas agrárias” [4].
O julgamento presidido por Anúbis reunia quarenta e dois demônios, cada qual
especializado no julgamento de um pecado entre os quais blasfêmia, perjúrio,
assassínio, luxúria, roubo e calúnia.[5] Na mitologia grega Zeus mede numa gigantesca balança os destinos (moiras) de
Aquiles e Pároclo, cujos pratos tocam o ceu enquanto o outro emerge nas trevas
infernais.[6]
[3]JOHNSON, Paul. História
Ilustrada do Egito. Rio de Janeiro:Ediouro, 2002, p. 75, 222
[4]LANGE, Kurt. Pirâmides,
esfinges e faraós, Belo Horizonte:Itatiaia, 1958, p. 43; ISAAC, J.;
WEILER, A. História Universal, Oriente e Grécia, São Paulo: Martins Fontes,
1964, p. 59
[5]GRIMBERG, Carl.
História Universal: a aurora da civilização, v.1, Chile:Publicações Europa,
1989, p. 29
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