sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Rua do Ouvidor

 

Arthur Azevedo em matéria no jornal O País de 8 de junho de 1894 se refere “a ostentação ruidosa e faceira da rua do Ouvidor, a risonha e constante animação dos cafés concertos e luxuosas confeitarias”.[1] José Bevilacqua ao desembarcar no Rio de Janeiro em 1879 constata: “O Rio de Janeiro é o Brasil e a rua do Ouvidor é o Rio de Janeiro”.[2] Von Koseritz em Imagens do Brasil de 1885 relata que “O Rio de Janeiro é o Brasil, e a Rua do Ouvidor é o Rio de Janeiro, eis uma sentença cheia de verdade”.[3] Grandes lojas se destacam na rua do Ouvidor: a Confeitaria Carceler, a La Belle Amazone, Notre Dame de Paris, Wallerstein et Masset e Desmarais, entre outras.[4] Para Joaquim de Macedo: “Não houve acontecimento público de relevância em que a Rua do Ouvidor não tomasse parte afetiva, fosse festa ou revolta”.[5] Segundo Luiz Edmundo: “Foram os franceses do tempo do Sr. Pedro I, saiba-se, com as suas lojas de novidades, as suas costureiras, os seus cabeleireiros e umas instalações completamente novas para nós, feitas à moda de Paris, que criaram a elegância de certas casas de comércio da Rua do Ouvidor”.[6] Segundo o crítico Brito Brota ao escrever em 1900: “o chique era mesmo ignorar o Brasil e delirar por Paris, numa atitude afetada e nem sempre inteligente”.[7] Anfriso Fialho descreve a rua do Ouvidor do século XIX como “o coração e ouvidos do Rio de Janeiro”. Da rua do Ouvidor partiriam os primeiros boatos da queda da monarquia e o golpe republicano.[8]



[1]RENAULT, Delso. A vida brasileira no final do século XIX, Rio de Janeiro:José Olympio, 1987, p. 240

[2]GOMES, Laurentino, 1889, Rio de Janeiro: GloboLivros, 2013, p.165

[3]GONTIJO, Silvana. O mundo em comunicação, Rio de Janeiro:Aeroplano, 2001, p.193

[4]GOMES, Laurentino, 1889, Rio de Janeiro: GloboLivros, 2013, p.73

[5]GONTIJO, Silvana. O mundo em comunicação, Rio de Janeiro:Aeroplano, 2001, p.193

[6]EDMUNDO, Luiz. O Rio do meu tempo, Rio de Janeiro:Conquista, 1957, v.I, p. 72

[7]SODRÉ, Nelson Werneck. A história da imprensa no Brasil, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966, p. 343

[8]GOMES, Laurentino, 1889, Rio de Janeiro: GloboLivros, 2013, p.45



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