sábado, 13 de junho de 2020

Escrita proto sinaítica hebraica

Inscrições fenícias de seu alfabeto também podem ser encontradas no túmulo de Ahiram, rei de Gebel a um época posterior a Ramsés II (1292- 1225 a.c.)[1]e numa inscrição do vaso de Tell Duweir. A estela de Mesha, rei Moabe, data de 842 a.c. mostra que nesta época a escrita alfabética já estava bastante difundida no Oriente Próximo. [2]Carroll Quigley e Edward Burns apontam os hieróglifos egípcios como precursores do alfabeto.[3] A escrita alfabética fenícia era apenas uma variedade de escritas mais antigas encontradas na Síria e Palestina por volta de 1800 a.c.. J. Cerny estima que em Ras Shamra, antiga Ugarit descoberta em 1928, houve um desenvolvimento posterior do alfabeto, por volta de 1400 a.c. ainda que independente da experiência semítica[4]. Muitas das tabuinhas encontradas em Ras Chamra são simples relações de entregas de alimentos, vinho e azeite.[5]As tabuinhas de Ras Shamra mostram que em 1400 a.c. na Síria setentrional, bem em frente ao Chipre haviam pelo menos oito línguas em uso: hebreu arcaico escrito em cuneiforme alfabético, a língua babilônica em cuneiforme convencional tal como em Tell el Amarna, a língua sumeriana, duas línguas desconhecidas, o hieroglífico egípcio, a língua hitita e outra língua desconhecida de origem no Chipre ou Creta.[6]Os textos em Ras Shamra sugerem semelhanças fortes entre os sistemas ugaríticos e fenícios de modo que estas escritas não foram invenções completamente independentes. A escrita cananeia exprime apenas consoantes.
O alfabeto tornou possível o acesso da escrita a todas as classes,[7]sem que fosse necessário consagrar toda uma vida para domínio dos segredos da escrita e toda sua simbologia.[8]Charles Marston entende que os hebreus na sua travessia do Egito por volta de 1400 a.c. desenvolveram um alfabeto antes de sua chegada em Canaã terra dos fenícios (Exodo 34:27, Números 17:2, Deuteronômio 6:9). [9]Brian Fagan mostra que uma esfinge descoberta em 1905 no Sinai e que data de 1500 a.c. revela o que parecem ser signos egípcios, o que mostra o alfabeto tenha sido inventado no Egito. Descobertas posteriores sugere provas do uso do alfabeto entre o povo de Canaã na Palestina ainda mais antigas datadas dos séculos XVI e XVII a.c. [10]No Museu do Cairo há uma lápide de um templo funerário de Tebas que comemora a glória do faraó Merenptah (1213 e 1203 a.C) em que no trecho final do cântico encontram-se as seguintes linhas: “Canaã foi conquistada com todos os maus. Asquelon foi capturada. Guezer ocupada. Jenoan destruída. Israel está desconsolado, pois não tem descendentes. A Palestina foi como uma viúva para o Egito”. Neste poema, Israel pela primeira vez é mencionado como povo e mencionado como tendo se estabelecido na Palestina. Uma inscrição de um gomil encontrado em Lacquis, a apenas quarenta quilômetros a sudoeste de Jerusalém, comprovaria o uso da escrita hebraica do Sinai uma vez que o texto se aproxima muito da fraseologia do hebreu bíblico[11]. A primeira evidência escrita do hebraico, o calendário agrícola de Gezer, data do século X a.C. nos reinados dos reis Davi e Salomão.[12]Em 1916 Alan Gardiner descobriu nas minas serabitas do Monte Sinai uma codificação alfabética proto sinaítica decifrada por Spranglng. [13]A representação numérica usando-se símbolos do alfabeto grego levou ao desenvolvimento da gematria pelos cabalistas hebreus, e por esta razão em hebreu o verbo saphor (contar, calcular) tem o mesmo radical que saper (“contar histórias’). Da mesma forma em francês arcaico o verbo conter assume os dois significados, assim como contar em português e espanhol zahlen e erzahlen em holandês, tellen e vertellen em italiano.[14]

[1] MARSTON, Charles. A Bíblia disse a verdade, Belo Horizonte:Itatiaia, 1958, p. 62
[2] READERS'S DIGEST. Da idade do ferro à idade das trevas: de 1200 a.c. a 1000 d.c, Rio de Janeiro, 2010, p.27
[3] BURNS, Edward McNall. História da civilização ocidental, Rio de Janeiro:Ed. Globo, 1959, p.61; QUIGLEY, Carroll. A evolução das civilizações, Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1961, p.180
[4] HARRIS, J. O legado do Egito, Rio de Janeiro:Imago, 1993, p.228
[5] TATON, René. A ciência antiga e medieval: as ciências antigas do Oriente, tomo I, livro 1, Sâo Paulo:Difusão Europeia, 1959, p. 143
[6] MARSTON, Charles. A Bíblia disse a verdade, Belo Horizonte:Itatiaia, 1958, p. 119
[7] CHILDE, Gordon. O que aconteceu na história, Rio de Janeiro:Zahar, 1977, p.198
[8] STEVERS, Martin. A inteligência através dos séculos. São Paulo:Globo, 1946, p.226
[9] MARSTON, Charles. A Bíblia disse a verdade, Belo Horizonte:Itatiaia, 1958, p. 12, 62, 112, 213
[10] FAGAN, Brian. Los setenta grandes inventos y descobrimentos del mundo antiguo, Barcelona:Blume, 2005, p. 229
[11] MARSTON, Charles. A Bíblia disse a verdade, Belo Horizonte:Itatiaia, 1958, p. 213 https://en.wikipedia.org/wiki/Paleo-Hebrew_alphabet
[12] TATON, René. A ciência antiga e medieval: as ciências antigas do Oriente, tomo I, livro 1, Sâo Paulo:Difusão Europeia, 1959, p. 150
[13] STEVERS, Martin. A inteligência através dos séculos. São Paulo:Globo, 1946, p.229
[14] IFRAH, Georges. Os números: a história de uma grande invenção. Rio de Janeiro: Globo, 1989, p. 221



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