segunda-feira, 8 de junho de 2020

Augures etruscos



Os augures detinham o segredo dos auspícios, que era transmitido oralmente ao seus sucessores.[1]Segundo Tito Lívio os reis romanos eram escolhidos e depois de aceitos pelos deuses, conforme sinais emitidos pelos augures, de modo que o rei era “inaugurado”.[2] Entre os etruscos a inspeção dos fígados pelos harúspices permitiam pressagiar o futuro e indicar a conduta a ser seguida pelos homens[3]. O Fígado de Piacenza[4] datado do século 2 a.c. é um artefato etrusco encontrado em 1877 na Itália[5]. É um modelo de bronze em tamanho natural de um fígado de carneiro coberto com escritos etruscos que mostra os nomes dos deuses que presidem cada um dos diferentes compartimentos[6]. O modelo é um autêntico microcosmo e guarda muita semelhança com atlas mágicos do fígado usados alguns séculos antes pelos babilônios[7]. Nougayrol confirma as relações dos auríspices etruscos com os assírios babilônios.[8] George Sarton observa que os haurispices babilônicos dessem nomes especiais a cada parte do fígado isso não os tornava conhecedores de anatomia[9]. A osteomancia realizava suas profecias a partir da leitura dos ossos de animais sacrificados como por exemplo o omoplata de um carneiro. Os osteomantes dividiam o osso em doze áreas ou casas cada uma das quais associada a um diferente aspecto do futuro, de modo que um osso claro e liso indicava um bom presságio.[10] Segundo Mario Giordani: “os etruscos preocupavam-se, sobretudo, com a interpretação o sentido e do valor dos fenômenos naturais, pretendendo descobrir nos mesmos a expressão de uma potência divina que atuava no cosmos, tornando conhecidas suas exigências e anunciando o futuro”.[11]
[1] MATTOSO, Antonio. História da civilização, Lisboa:Ed Sá da Costa, 1952, p.395
[2] CORNELL, Tim; MATTHEWS, John. Roma: legado de um império, v. I, Lisboa:Edições del Prado, 1996, p. 18
[3] BLOCH, Raymond; COUSIN, Jean. Roma e o seu destino. Rio de Janeiro:Cosmos, 1964, p.17
[5] BLOCH, Raymond. Os etruscos. Lisboa: Editorial Verbo, 1970, p.60
[6] BLOCH, Raymond; COUSIN, Jean. Roma e o seu destino. Rio de Janeiro:Cosmos, 1964, p.25
[7] ABRIL Cultural, Medicina e Saúde. História da Medicina, v.I, São Paulo, 1970, p. 15
[8] TATON, René. A ciência antiga e medieval, tomo I, livro 2, Sâo Paulo:Difusão Europeia, 1959, p. 101
[9] SARTON, George. Ancient Science Through the Golden Age of Greece, New York:Dover, 1980, p.92
[10] BOORSTIN, Daniel. Os descobridores, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1989, p. 29
[11]GIORDANI, Mario Curtis. História de Roma, Rio de Janeiro:Vozes, 1981, p. 282
Haruspice romano Calcas em espelho estrusco sec V a.c. examinando as entranhas de um animal. Museu
Vaticano.

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