Em Florença houve uma proliferação de academias a qual Will Durant observa seus nomes “cada um mais ridículo que o outro”.[1]Em Florença a Academia do Desenho foi fundada em 1562, a Academia dela Crusca fundada em 1582 tinha como proposta purificar a linguagem. Em Pádua foi criada a Academia do Infiammati – os ardentes – para filósofo e humanistas[2]. No século XVII Galileu Galilei era membro da Academia de Refugiados reunia pesquisadores de Veneza e de várias partes da Itália.[3] A Accademia del Cimento (cimento em italiano significa provação, experimento) em Florença em 1657-1667 era patrocinada pelo grão duque de Toscana Fernando II, a Accademia dei Lincei em 1603-1630 era patrocinada pelo príncipe Federico Cesi[4], cujo emblema era os olhos de lince[5] e do qual Giambattista Della Porta e Galileu Galilei foram membros[6] . Giambattista Della Porta também criou a Accademia dei segretti[7]. A Academia de Ciências de Viena foi criada em 1690, Academia Prussiana de Berlim em 1700[8] por Leibniz sob patrocínio de Frederico I[9], a Academia de São Petesburgo em 1724[10], George Sarton observa que a lendária Academia Leonardo da Vinci é apócrifa.[11]
Jean Delumeau observa que o crescimento das academias no Renascimento ocorre em um período de declíneo intelectual das universidades, de tal modo que nomes da literatura europeia do século XVI como Ariosto, Maquiavel, Montaigne, Cervantes, Thomas More e Shakespeare fizeram suas carreiras fora da Universidade.[12]Daniel Boorstin argumenta que as antigas instituições de ensino da Europa, os colégios e as universidades, tinham sido criadas apenas para transmitir uma herança cultural e não o novo[13]. Peter Burke mostra que o surgimento de tais Academias Científicas não pode ser visto como um movimento de hostilidade às universidades: “à medida que a poeira assenta, parece cada vez mais claro que qualquer oposição simples entre academias progressistas e universidades reacionárias é equivocada”[14]. Para Ruy Afonso as universidades medievais são “a matriz do pensamento, agência do saber e do progresso científico, filosófico e literário”.[15]
[1] DURANT, Will. História da civilização, 5ª parte, A Renascença, tomo 3°, São Paulo:Cia Editora Nacional, 1957, p.283
[2] CORNELL, Tim; MATHEWS, John. Renascimento v.I ,Grandes Impérios e Civilizações, Lisboa:Ed. Del Prado, 1997, p. 78
[3] THOMAS, Henry; THOMAS, Dana Lee. Living biographies of great scientists, New York:Blue Ribbon Books, 1946, p.43
[4] TATON, René. A ciência moderna: o século XVII, tomo II, v.2, São Paulo:Difusão, 1960, p.11
[5] ABRIL Cultural, Medicina e Saúde. História da Medicina, v.I, São Paulo, 1970, p. 246
[6] McCLELLAN III, James; DORN, Harold. Science and technology on world history: an introduction. The Johns Hopkins University Press, 1999, p.227, 253
[7] TATON, René. A ciência moderna: o Renascimento, tomo II, v.I, São Paulo:Difusão, 1960, p. 17
[8] MONROE, Paul. História da educação. São Paulo:Cia Editora Nacional, 1974, p.226
[9] ABRIL Cultural, Medicina e Saúde. História da Medicina, v.II, São Paulo, 1970, p. 328
[10] GOLDFARB, Da alquimia à química, Sâo Paulo:Edusp, 1987, p.176
[11]SARTON, George. Six wings, men of science in the Renaissance, Bloomington: Indiana University Press, 1957, p. 102
[12] DELUMEAU, Jean. A civilização do Renascimento, Lisboa:Estampa, 1984, v.II, p.74
[13] MIRANDA. Carlos Alberto Cunha. A arte de curar nos tempos da colônia. Recife:UFPE, 2017, p.69
[14] BURKE, Peter. Uma história social do conhecimento, Rio de Janeiro:Zahar, 2003, p.44
[15] NUNES, Ruy Afonso da Costa. História da educação na idade média, Campinas:Kirion, 2018, p.221
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