A ilha do Galeão no Rio de Janeiro recebeu esse nome segundo o Monsenhor Pizarro em referência a construção de uma outra embarcação contratada pelo negociante de azeite de peixe e sal Francisco José da Fonseca. O vice rei da Índia ao escrever a metrópole em 1713 relata que a madeira dos navios brasileiros era mais resistente ao calor: “os navios que duram mais tempo na Índia são os construídos no Brasil porque o calor não pode penetrar neles como se pode ver na fragata Nossa Senhora da Estrela e por aquela (Nossa Senhora da Piedade) que vai agora navegar com destino ao reino [...] Não creio que houvesse qualquer dificuldade em encontrar no Porto navios convenientes que pudessem ser utilizados na carreira da Índia, porque na maioria eles eram construídos no Brasil”. Entre os estaleiros construídos pela Coroa no Brasil o da Bahia era sem dúvida o mais importante a partir de 1655.[1] Uma ordem régia de 1757 concedia preferência de transporte de mercadorias a navios construídos no Brasil.[2] No Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro em 1764 foi construída a nau São Sebastião de 60 metros de comprimento cuja imponência foi cantada em versos do poeta Basílio da Gama. Os franceses a chamavam de Le Grand Dragon e foi a embarcação usada para levar a infanta Maria Isabel à Espanha em 1816 para se casar com o rei de Espanha Fernando VI.[3] Um desenho a nanquim encontrado nos arquivos da Biblioteca Nacional de autoria de James Forbes mostra a representação de um navio em construção ao sopé do mosteiro de São Bento em estaleiro criado pelo conde de Cunha pouco após sua chegada ao Rio de Janeiro e que viria a se transformar no Arsenal de marinha, e local onde foi construída de 1764 a 1767 a nau São Sebastião.[4] Depois da nau São Sebastião o Arsenal de Marinha só voltou a construir outro navio em 1824.[5]
[1] BOXER, Charles. O
império colonial português, Lisboa: Edições 70, 1969, p. 209
[2] RUSSELL WOOD, A.
Histórias do Atlântico português, São Paulo: UNESP, 2021, p. 140
[3] LIMA, Heitor Ferreira.
Formação industrial do Brasil, Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1961, p. 197
[4] FERREZ, Gilberto. O Paço da Cidade do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro: Fundação
Pró Memória, 1985, p.21
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