Para alguns autores Tales de Mileto conseguira prever o eclipse solar do que se acredita ser o eclipse de 28 de maio de 585 a.c.[1] na batalha de Halis (a data precisa do eclipse nos permite concluir a época em viveu Tales)[2] uma façanha histórica que rompia com as previsões de adivinhos, o que fez propor uma linha investigativa mais ambiciosa: “Se aqui impera uma ordem, por que não em toda a natureza ? Não existirá porventura um princípio ou arché, uma fonte de força que dê origem a todos os fenômenos e aparências que constituem o universo ? “[3]. Desta forma consegue explicar a mutabilidade das coisas (o múltiplo) como consequência desta ideia de unidade presente nestas mesmas coisas.[4] Os reis da Pérsia Ciro e da Lídia Creso encerraram a guerra após o eclipse tão impressionados com o fenômeno.[5] George Huxley observa que caso de fato tenha previsto este eclipse, Tales não poderia ter certeza de suas previsões pois mesmo que conhecesse o ciclo lunar e o conhecimento dos babilônios de eclipses solares, ele não teria elementos para fazer uma previsão com tamanha precisão.[6] David Lindberg igualmente contesta que fosse possível tal previsão na época de Tales.[7] Nesta busca de unidade inerente às coisas, Tales acreditava que as pedras com propriedades magnéticas eram atraídas entre si porque tinham alma[8]. Diógenes Laércio, Xenófanes admirava Tales (624-546 a.c.) por ter predito eclipses solares.[9] Jean Vernant e William Bynum referem-se a esta previsão de Tales como uma lenda, uma vez que não tinha condições de prever eclipses.[10] O jônico Tales era comerciante e pode viajar ao Egito onde aprendeu matemática e astronomia caldaica.[11] As tabelas de eclipses e outros fenômenos celestes dos sacerdotes da Babilônia, entretanto, antecedem algum séculos da época de Tales.[12] Tales e Anaxágoras expõem a tese de que a lua é iluminada pelo Sol[13], tese também defedida por Macrobius no século IV.[14] Segundo Cícero: "Arquimedes havia descoberto uma forma de representar com precisão através de um único dispositivo os vários movimentos dos cinco planetas com suas taxas de velocidade únicas garantindo que o mesmo eclipse mostrado no aparelho aconteça de fato" o que sugere que teria sido Arquimedes o inventor deste mecanismo. Um segundo mecanismo de previsão de eclipses baseado em engrenagens data de 520 d.c. e foi encontrado entre os árabes[15] O consul romano Gallus Suplicius, descrito por Cícero como um astrônomo ardoroso e paciente, na batalha de Pydnaa na Macedônia em 168 a.c. conseguiu tranquilizar os soldados romanos ao explicar a natureza de um eclipse enquanto os inimigos permaneciam terrificados com o acontecimento.[16] Sêneca em Quaestiones naturales escrito por volta de 63 d.c. profetiza que “haverá um dia que o homem descobrirá as órbitas dos cometas e dará a razão de suas trajetórias serem tão diferentes das dos demais planetas”.[17] Platão no Fedro conta a anedota em que Tales teria caído em um poço distraído que estava olhando para os ceus.[18]
[1] HOGBEN, Lancelot. Las
matemáticas al alcance de todos. Joaquín Gil: Buenos Aires, 1943, p. 142
[2] MONDOLFO, Rodolfo. O
pensamento antigo v.I. São Paulo:Mestre Jou, 1964, p.38
[3] STEVERS, Martin. A
inteligência através dos séculos. São Paulo:Globo, 1946, p.266
[4] MASCHIO, E. Platão: a verdade está em outro lugar, São Paulo: Salvat, 2015,
p.47
[5] KITTO, Humphrey Davey Findley. Os gregos. Coimbra:Armenio Amado,
1970, p. 181, 295
[6] JONES, Lloyd Jones. O mundo grego, Rio de Janeiro: Zahar, 1965, p. 136
[7] LINDBERG, David C. The
Beginnings of Western Science. University of Chicago Press. Edição do Kindle.
2007, p.28
[8] COLLINS, Derek. Magia
no mundo grego antigo, São Paulo: Madras, 2009, p. 26
[9] SOUZA, José Cavalcante.
Os pré socráticos: fragmentos, doxografia e comentários. Coleção os pensadores,
São Paulo: Abril Cultural, 1985, p. 65
[10] VERNANT, Jean Pierre. As origens do pensamento grego, Rio de
Janeiro:Difel, 2002, p. 130; BYNUM, William. Uma breve história da
ciência. Porto Alegre:L&PM Pocket, 2018, p. 19
[11] KITTO, Humphrey Davey
Findley. Os gregos. Coimbra:Armenio Amado, 1970, p. 294
[12] GORMAN, Peter.
Pitágoras, uma vida, São Paulo:Círculo do Livro, 1993, p. 48
[13] TATON, René. A ciência
antiga e medieval, tomo I, livro 2, Sâo Paulo:Difusão Europeia, 1959, p.22
[14] MOURÃO, Rogério
Freitas. Dicionário enciclopédico de astronomia e astronáutica, Rio de
Janeiro,Nova Fronteira, 1987, p. 496
[15] https://www.oficinadanet.com.br/ciencia/22782-mecanismo-de-anticitera-o-computador-de-2000-anos
[16] MOURÃO, Rogério
Freitas. Dicionário enciclopédico de astronomia e astronáutica, Rio de
Janeiro,Nova Fronteira, 1987, p. 763
[17] SARTON, George.
Historia de la ciência, Buenos Aires:Editorial Universitaria Buenos Aires,
1959, p. 176
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