Paul Monroe destaca o caráter tradicionalista do ensino dos jesuítas: “A prática e o princípio da educação jesuíta estavam em oposição aos novos ideais do período do Renascimento. Seu método, perfeito à sua maneira, inibia toda a iniciativa e impedia o desenvolvimento de toda espontaneidade e de toda liberdade de opinião. Sua superioridade durou enquanto não houve nenhuma grande modificação no espírito e no conteúdo da educação. Mas quando o século XVIII surgiu com um decidido movimento fora do espírito teológico dominante e do conteúdo humanista formal da educação, as escolas jesuítas perderam muito do seu prestígio e superioridade”.[1] Segundo Amarilio Ferreira o ensino jesuítico não foi exclusivamente livresco “o complexo jesuítico difundia a cultura latina cristã, sua principal função, mas ao mesmo tempo ensinava ofícios e produzia mercadorias, imbricando trabalho intelectual com trabalho manual”. No entanto, Amarilio Ferreira destaca uma diferenciação em relação às corporações de ofícios europeias: “diferentemente do que ocorria nas corporações de ofício da Europa ocidental na mesma época, aqui, em decorrência do modo de produção escravista, em vez de aprendizes e jornaleiros, isto é, os que trabalhavam por jornada, a maior parte da mão de obra nas oficinas de artes mecânicas era escrava. Tal fato – o de não ser necessária a formação de uma mão de obra assalariada no Brasil colonial – explica a razão de a instrução dessas artes ter sido complementar à de humanidades, não merecendo, portanto, a mesma importância desta”.[2] O termo “jornal” significava uma cota de trabalho quanto uma medida de área.[3] Para Lemos Brito a expulsão dos jesuítas pelo Marques de Pombal em 1759 foi medida “absurda, iníqua e ficou na história pátria coo um tremendo golpe desferido contra a nossa evolução econômico e social. Pombal poderia ter fulminado os abusos, corrigido os erros, evitado as transgressões às leis. Não lhe cabia retirar do sistema de forças da expansão brasileira essa energia formidável”.[4] Charles Boxer na mesma argumentação: “Se os resultados da expulsão dos jesuítas ordenada por Pombal e das suas consequentes reformas educacionais foram um pouco confusos no Portugal metropolitano, foram qualquer coisa de desastroso no império português, pelo menos durante várias décadas. Não havia ninguém para substituir os jesuítas, especialmente no Brasil a não ser por alguns membros de outras ordens religiosas, a maioria das quais estavam nesta altura num avançado estado de decadência”.[5]
[1]MONROE, Paul. História da educação. São Paulo:Cia Editora Nacional, 1974, p.187
[2]FERREIRA, Amarilio; BITTAR, Marisa. Artes liberais e ofícios mecânicos nos colégios jesuíticos do Brasil colonial, Revista Brasileira de Educação, v.17, n.51, setembro 2012 http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-24782012000300012&script=sci_arttext
[3]SCHWARTZ, Stuart. Segredos internos: engenhos e escravos na sociedade colonial. São Paulo: Cia das Letras, 1988, p. 417 nota 25
[4]BRITO, José Gabriel Lemos. Pontos de partida para a história econômica do Brasil. Brasiliana v. 155, São Paulo:Cia Editora Nacional, 1980, p.194
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